Especial para o Congresso em Foco
Com a chegada às livrarias do livro “1970, a guerra no Vale do Ribeira”, no início de setembro, será finalmente revelada a verdade sobre como os órgãos de repressão da ditadura ficaram conhecendo a localização exata da escola de guerrilha da Vanguarda Popular Revolucionária em Jacupiranga (SP), ponto de partida da fracassada Operação Registro, quando mobilizaram quase 3 mil homens para a caçada a um punhado de guerrilheiros e viram escapar aquele a quem mais queriam agarrar.
Sou parte desta história: durante 34 anos me apontaram como o autor da delação.
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Num primeiro momento, em companhia de Massafumi Yoshinaga, como se vê neste manifesto de setembro de 1970. Tal versão não se sustentou pois, embora o nissei tivesse rompido publicamente com a VPR, nada tinha a ver com a queda da área e seu nome estava sendo citado como mera retaliação.
A minha suposta culpa foi tão propalada entre militantes, simpatizantes e admiradores da esquerda que, quando finalmente deixei os cárceres militares, nada havia a fazer. A imprensa, sob censura, não publicaria a minha versão, nem eu tinha como fazê-la circular nos círculos esquerdistas. Então, sob forte estigmatização, só me restou o caminho do isolamento numa das comunidades alternativas que pululavam então. Alheio às invencionices sobre mim que abundavam lá fora e apoiado por pessoas que acreditavam em mim, superei os traumas e me reconstruí (o Massafumi, coitado, sucumbiu ao linchamento moral, acabando por enlouquecer e se matar).
Cheguei, na segunda metade da década de 1970, a receber proposta de outro agrupamento de esquerda (a VPR fora dizimada e os sobreviventes a dissolveram): divulgaria declarações minhas sobre as torturas que me haviam sido infligidas (no DOI-Codi/RJ quase enfartei e na PE da Vila Militar/RJ sofri lesão permanente), reabilitando-me para que pudesse retomar a militância, em escalão inferior.
O acordo emperrou na minha exigência de contar também que estava sendo feito de bode expiatório no tocante à delação da escola de guerrilha. Era compreensível que quisessem preservar a aura de heroísmo e martírio da VPR, mas eu não estava disposto a passar para a História como o vacilão que destruíra o sonho do comandante Carlos Lamarca.
Quando a sanha ditatorial arrefeceu e a grande imprensa começou a me procurar, pude enfim denunciar pormenorizadamente as torturas que sofrera, mas os focos das reportagens eram outros e o caso de Jacupiranga não interessou a nenhum veículo.
Em meados de 1994, o jornalista e escritor Marcelo Paiva imputou-me tal delação, em reportagem que saiu na capa do caderno de Variedades da Folha de S. Paulo. Retruquei, ele treplicou e encerramos a polêmica com um artigo cada.
Inicialmente, ele repetiu a versão simplificada: eu tinha estado na área, sabia a localização e a revelara ao DOI-Codi.
A minha réplica trouxe informação nova para o público de esquerda: eram duas as áreas. Eu fizera parte da equipe precursora que fora preparar o terreno para a chegada dos aprendizes, mas o sítio adquirido pela VPR fora considerado inadequado, com o trabalho sendo transferido para outro lugar.
Quando da desocupação da área 1, fui incumbido de criar um serviço de Inteligência no Rio de Janeiro. Isto porque, desconhecendo a localização da área 2, mesmo que fosse preso não colocaria a atividade principal em risco.
Em 2004, tomei conhecimento de um relatório de operações do II Exército que corroborou totalmente a minha versão, apresentando a seguinte cronologia dos acontecimentos:
– no dia 16/04/1970 eu revelei ao DOI-Codi/RJ a existência e localização da área 1;
– no dia 17, o DOI-Codi/SP enviou duas equipes para lá;
– no dia 18, ambas voltaram para São Paulo trazendo a informação de que a área efetivamente existia, mas estava abandonada, sem atividades guerrilheiras;
– no mesmo dia 18, a partir de nova prisão efetuada pelo DOI-Codi/RJ, foi descoberta a existência de uma segunda área, esta sim ativa, na mesma região.
Carta do principal historiador da luta armada brasileira, Jacob Gorender, publicada na Folha de S. Paulo, deu-me razão:
“A respeito dessa segunda área, nenhuma responsabilidade cabe a Celso Lungaretti, que ignorava a sua existência. Sua vinculação com o episódio restringiu-se, por conseguinte, à informação sobre a área que sabia desativada, fornecida, segundo afirma, sob tortura irresistível”.
As pessoas mais interessadas e bem informadas passaram a reconhecer a minha inocência. E, repugnando-me o papel de apontar outra pessoa para ser estigmatizada no meu lugar, preferi manter a coisa no pé em que Gorender a deixou; eu saíra da berlinda e ninguém nela entrou. O nome da pessoa responsável só aparecia na web, num ou noutro artiguete da extrema-direita, que só fanáticos leem.
As emoções, com o tempo, vão sendo substituídas pela reflexão serena. Percebi que tais detalhes eram, na verdade, irrelevantes. Fundamental havia sido a extrema disparidade de forças que nos tangia inexoravelmente para a derrota final, não a forma como cada batalha foi perdida.
É uma ingenuidade acreditar que os bons serão sempre recompensados e os maus castigados, mas foi este primarismo emocional que tornou necessárias válvulas de escape como a busca sôfrega de culpados nos quais concentrar as pedras, uma forma de catarse face ao inconformismo com um desfecho difícil de engolir. Daí para ser satanizado também quem não era culpado e quem era menos culpado, foi só um passo.
E, tendo passado pelos trituradores de carne da repressão política, jamais me permitirei julgar o comportamento de nenhum prisioneiro político forçado a dizer o que não queria. Mas, o pecado da pessoa cujo ato me foi atribuído por 34 anos é outro: o da total falta de solidariedade para com um companheiro que foi ao inferno no lugar dela. Fraquezas na sala de tortura são compreensíveis, mas não a atitude de alguém que, em segurança e com todo conforto, decidiu que um inocente sofreria no seu lugar.
Sou um homem de princípios: encarei como meu o papel de simplesmente esclarecer a minha participação. Mas, até por senso de justiça, torcia para que toda a verdade fosse resgatada e exposta. Provavelmente, por aqueles a quem concerne tal papel: historiadores, jornalistas ou escritores.
Demorou, mas isto acabou ocorrendo. E, curiosamente, por alguém que preencheu os três requisitos: Celso Luiz Pinho, um jornalista que escreve livros sobre episódios históricos.
Lungaretti, se disseram que você delatou seus comparsas é porque você deve ter delatado mesmo. Qual o terrorista que merecia ou merece confiança? Nenhum. Todos comentam que Dilma, você e Genuino foram delatores. Dizem Lula era apenas um maconheiro nos “anos de chumbo”, mas hoje já se sabe que ele também era um X9 que trabalhava para o Tuma (kekeke!!!). Se é verdade eu não sei dizer ao certo, mas o povo comenta isso. E a voz do povo, sabe como é, é a voz de Deus. Bem, graças a Deus nosso sofrido e valoroso povo acordou a olha com asco para os agentes da dita esquerda, que provou ser desonesta e egocêntrica. Sérgio Moro está botando essa cambada de larápios na cadeia. E quem ainda tira onda de que foi “guerrilheiro” é que se cuide, pois Sérgio Moro está no pedaço!
A sua revolta é que a sua mãe participava do grupo de terroristas, e como trepava com todos os companheiros, você até hoje não sabe quem é seu pai.
Para aqueles que não sabem , fica o registro de que Stalin tirava muitas fotos com muita gente ao redor . Só que o carniceiro bigodudo era um matador implacável . Quando um cara caia em desgraça , todas as fotos antigas eram revisadas , e o sujeito apagado das fotos . Então ficou claro que o passado pode ser editado e mudado a vontade pelos esquerdóides.
Aqui no Brasil não seria diferente .
Agora querem posar de mocinhos e bons meninos .
Eles lutavam contra a ditadura militar porque queriam não a liberdade ou democracia , mas queriam outra ditadura , tipo comunista castrista , lembrando que Cuba é o unico pais do mundo aonde a maior parte da população é comprovadamente indigente .
Não lí , e nem quero ler este artigo do Celso , pois não prestigio bandidos e terroristas . Procurem um documento , um pedaço de papel que seja , aonde esteja escrito em bom portugues que eles combatiam a ditadura militar para restaurar a democracia . O povo ia trocar apenas de um torturador para um outro , este matador.
Eles jamais tomarão vergonha na cara! Só os poucos que honram o têm no meio das pernas, como o Gabeira.
https://m.youtube.com/watch?v=IYXwZgnUVwg
Gabeira foi um dos muitos jovens cooptados pelos terroristas. Foi induzido a ingressar mas, recobrando a lucidez, redimiu-se. Aliás, Gabeira teve muita sorte por ter conseguido a façanha sem perder a vida, uma vez que muitos jovens que desertaram dos grupos terroristas ao energarem o ideal criminoso da guerrilha foram justiçados friamente pelos “camaradas”. Desapareceram com os jovens e imputaram os bárbaros crimes às nossas gloriosas Forças Armadas. O bandido Carlos Araújo (“Max”), ex-marido de Dilma (“Estela”), da VAR-Palmares, sem nenhum pudor, confessa os crimes que praticavam… Que Deus me perdoe, mas espero que essa canalha padeça ainda muito em vida o mal que praticaram. Lungaretti incluso!
Que ironia! Justamente a bicha Gabeira, é quem você diz honrar o que tem entre as pernas.
Esse é o contraponto ao almofadinha Gabeira que teve papel irrelevante na luta armada contra a ditadura.
https://youtu.be/gZ9aKnRz0Qc
Nem vou ver “novamente” esse vídeo (Assisti ao vivo no dia da entrevista)! É esse “assassino confesso” seu ídolo? E você ainda tem coragem de colocar para o Sérgio Russo que “Os covardes da direita só agem com a vítima dominada?”
Toma vergonha na cara!!!
Seu comentário está ótimo. Esse Lungaretti é um sujeito desprezível. Embora pretendendo dizer o contrário, apenas reforça os comentários de que era um X9. Aliás, muito se ouve falar que, assim como Lungaretti, também Lula, Genoíno e Dilma não passavam de um bando de delatores infiltrados pelos militares.
O Lula com toda certeza, confirmado pelo Tuminha em seu livro “Assassinato de Reputações”.
O Genoino foi (e ainda é) um covarde que se borrou sem sequer levar uma bofetada, conforme relato do Coronel Licio Augusto (veja vídeo).
Salve nossas gloriosas FFAA!
https://www.youtube.com/watch?v=3E-cW4gefn4
Alguém acredita na palavra de um torturador?
Os covardes da direita só agem com a vitima dominada. E até durante a tortura os mantêm presos com medo dela. Esse é o exemplo de militante que tem coragem:
https://youtu.be/gZ9aKnRz0Qc