Apesar de a grande imprensa não ter dado o devido destaque, tivemos, no último dia 30, um protesto de grande envergadura em todo o país. Convocado, inicialmente, por todas as centrais sindicais, o “dia nacional de paralisações” levou a greves e manifestações de metalúrgicos, operários da construção civil, petroleiros, professores, trabalhadores rurais, servidores federais, comerciários, bancários e trabalhadores(as) de outras categorias nas diversas regiões do país.
À luta dos trabalhadores(as), somaram-se os estudantes e movimentos populares também de diversas regiões, num exercício de unidade em torno a uma pauta comum. A reivindicação unificada foi definida pelas centrais sindicais, mas o pano de fundo dela e dos protestos foi a cobrança de mudança no modelo econômico aplicado no país pelo governo da presidenta Dilma Rousseff.
A cobrança dos trabalhadores(as), da juventude e dos movimentos populares é investimento na saúde, educação, moradia, nos transportes públicos, é o fim do fator previdenciário, a redução da jornada de trabalho, o fim das privatizações, da terceirização, da discriminação à mulher. Enfim, ninguém suporta mais uma política econômica voltada apenas para destinar recursos públicos aos bancos e para favorecer as grandes empresas.
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Foi forte o protesto de 30 de agosto. Mas poderia ter sido ainda mais, não fosse a ação (ou falta dela) de muitas das centrais sindicais que convocaram o protesto. A direção da CUT (para não falar da UGT e NCST que praticamente se abstiveram de organizar qualquer atividade no dia 30), na medida em que o governo sinalizou uma “negociação” sobre o Fator Previdenciário, apressou-se em ajudar o governo a “normalizar” a situação do país e puxou com força o freio de mão das mobilizações que estavam previstas.
Mesmo a Força Sindical, que promoveu um maior número de mobilizações, ficou aquém do programado e, devido aos seus compromissos com as empesas, evitou as greves no setor operário onde tem muito peso.
A CSP-Conlutas, apesar de ser uma central ainda minoritária, deu grande contribuição para o sucesso do protesto, mobilizando suas forças em todo o país e impulsionando as paralisações, como pode se ver em Belo Horizonte, Fortaleza, São Luis, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Aracaju, Teresina, na região de São José dos Campos, apenas para dar alguns exemplos. Mas a grande responsável pelo sucesso dessa mobilização nacional foi mesmo a disposição de luta que os trabalhadores(as) e a juventude tem demonstrado. Esta conclusão é muito importante, pois aponta condições favoráveis para o desafio do momento: a continuidade do processo de mobilização.
Continuidade porque ainda não atingimos nosso objetivo. Até agora o governo não atendeu nenhuma reivindicação do movimento. O governo federal e o Congresso Nacional parecem já ter esquecido a voz das ruas de que tanto falaram em junho. As negociações anunciadas não inspiram confiança, parecendo mais enrolação do que busca real de solução para os problemas apontados. É preciso, então, continuar e intensificar o processo de mobilização para aumentar a pressão sobre as autoridades.
As campanhas salariais em curso, as mobilizações da juventude em defesa do passe livre estudantil, as lutas do movimento popular, as manifestações do Grito dos Excluídos no 7 de setembro são pontos de apoio e de partida para os embates que se darão no próximo período. Além disso, a luta contra os leilões das reservas de petróleo em outubro tende a ser o novo momento de nacionalização e centralização da luta política contra o modelo econômico em curso no país, e em defesa da plataforma política levada à Brasília na marcha realizada por mais de 20 mil manifestantes em abril passado.
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