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“O advogado-geral da União diz a Veja que foi demitido porque queria punir aliados do Planalto envolvidos em corrupção na Petrobras”, diz subtítulo registrado logo abaixo da foto de Fábio Medina na capa da revista.
Diferentemente dos demais ministros demitidos na gestão Temer, o advogado-geral da União não sai em decorrência da divulgação de gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado envolvendo denúncias da Lava Jato. Em 23 de junho, Romero Jucá deixou o Ministério do Planejamento e voltou para o Senado em função da publicação de conversas em que ele defende a troca do governo e a construção de um “pacto” para “estancar a sangria” da Lava Jato. Antes de Jucá, em 16 de junho, o então ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, também pediu para sair depois que o seu nome foi denunciado em delação premiada.
Antes de Jucá e Henrique Alves, em 30 de maio, o então ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, deixar o cargo após a divulgação do mesmo conjunto de áudios feito por Sérgio Machado com investigados da Lava Jato. Fabiano figura em uma das gravações orientando o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o próprio Sérgio Machado a se defenderem na investigação que desvendou um bilionário esquema de corrupção na Petrobras.
Bate-boca
Apesar de o Palácio do Planalto não ter se manifestado sobre a discussão entre Fábio e o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, na noite de ontem (quinta, 8), o desentendimento foi o estopim para a substituição. Na ocasião, Padilha, responsável pela indicação de Osório para a pasta, mencionou estar insatisfeito com decisões do então ministro da AGU consideradas erradas pelo ministro. Entre as justificativas de Padilha estão a falta de diálogo entre o agora ex-AGU e os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), além de críticas de membros da Advocacia-Geral da União que chegaram ao Planalto.
Apesar da dura conversa durante a noite de ontem, Fábio manteve a confiança na permanência no cargo e chegou a afirmar à imprensa que “não é Padilha quem demite”, e que esperava ter uma conversa com o presidente Michel Temer para esclarecer as coisas. “Se eu sair amanhã do governo, sairei sem ter falado com Temer. O mínimo que se espera é uma conversa com o presidente. Que governo é esse que ministro demite ministro? Eu não pedi demissão”, afirmou ao canal GloboNews.
Carteirada
O ingresso de Fábio na Advocacia-Geral da União (AGU) foi permeado de problemas desde o início. Nomeado em 12 de maio, o mestre em Direito causou embaraço ao então governo Michel Temer ao dar uma carteirada para conseguir embarcar em um voo para Curitiba, de acordo com informações publicadas pelo colunista Jorge Bastos Moreno, no jornal O Globo. Fábio teve o pedido de embarque negado e, ao argumentar com oficiais da Aeronáutica, alegou que tinha status de ministro de Estado.
Naquela ocasião, Temer já havia decidido exonerar o advogado-geral, ainda de acordo com o jornalista de O Globo. Fábio é afilhado político de Eliseu Padilha, que também não havia ficado satisfeito com o desenrolar da confusão do ex-AGU com a Aeronáutica e apoiou a decisão de Temer. No comunicado sobre a demissão, o Palácio do Planalto se limita ao anúncio de praxe sobre o nome escolhido para a substituição e ao agradecimento pelos “relevantes serviços prestados”. Veja na nota abaixo.
“O presidente Michel Temer convidou hoje para ocupar o honroso cargo de Advogado-Geral da União a doutora Grace Maria Fernandes Mendonça, distinta profissional e servidora de carreira daquele órgão. O presidente agradece os relevantes serviços prestados pelo competente advogado doutor Fábio Medina Osório, que deixa o cargo. Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República”
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