Considerada uma “metralhadora de (calibre) ponto 100” pelo ex-presidente José Sarney, a Odebrecht decidiu fazer um acordo de delação premiada e de leniência com o Ministério Público Federal no âmbito da Operação Lava Jato. O documento que formaliza a negociação foi assinado na quarta-feira passada, informa a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
“A empreiteira se comprometeu oficialmente a detalhar o financiamento de todas as campanhas majoritárias de anos recentes com as quais colaborou – como as de Dilma Rousseff, a presidente da República, e Michel Temer, vice, e a de Aécio Neves a presidente, em 2014. Ou seja, nenhum dos grandes partidos (PT, PSDB e PMDB) deve ser poupado”, diz a jornalista.
Segundo Mônica, integrantes do Ministério Público pretendem, com a formalização, convocar até mesmo Emílio Odebrecht, ex-presidente da empresa e pai de Marcelo Odebrecht, que está preso desde junho do ano passado em Curitiba, para dar informações. Marcelo resistia a fazer acordo com os investigadores. Em março, ele foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão pelo juiz federal Sérgio Moro, sob a acusação de ter cometido os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
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Ainda de acordo com a colunista, apesar dos rumores de que Marcelo pode envolver diretamente a presidente afastada Dilma Rousseff a respeito de um suposto pedido de doações feito por ela ao empreiteiro em encontro no Palácio da Alvorada, em 2014, o tema não foi abordado oficialmente com o Ministério Público.
Os procuradores negociaram para ter acesso a toda a contabilidade de caixa dois da empresa, o que pode envolver centenas de políticos e até mesmo autoridades de outros poderes. “Para se ter uma ideia do alcance dos dados que devem ser fornecidos, só numa das operações de busca e apreensão feitas na empreiteira foi encontrada uma lista com o nome de mais de 300 políticos”, lembra a jornalista (quem é quem na lista da Odebrecht).
Segundo Mônica, o termo assinado pelos procuradores não define o número de executivos da Odebrecht que devem delatar. Mas se estima que possa chegar a 50.
Em uma das conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, o ex-presidente José Sarney compara uma eventual delação premiada da Odebrecht a uma poderosa metralhadora. Já o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), concordou com a declaração de Machado de a empreiteira “vai tacar tiro no peito dela, não tem mais jeito”. Renan respondeu: “Tem não, porque vai mostrar as contas”.
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