Nas últimas semanas, os movimentos visando a preparação do tabuleiro da sucessão presidencial de 2022, ganharam nova velocidade e começaram a esboçar contornos mais definitivos. Toda eleição, nas sociedades democráticas, é vital para projetar o futuro desejado.
Mas as eleições brasileiras de 2022 terão uma carga de dramaticidade adicional. Afinal, o país está mergulhado em profunda crise de múltiplas faces. Economia em frangalhos, desigualdades sociais aguçadas pela pandemia, novas variantes do vírus, polarização política e institucional amainada após o 7 de setembro, mas pronta para entrar em ebulição, a imagem internacional comprometida com os retrocessos na agenda ambiental.
Não é pouca coisa que estará em jogo em 2022. A aceleração dos movimentos se dá mais na órbita dos partidos e da imprensa. Não é ainda assunto que esteja no radar da maioria da população. Sergio Moro se filiou ao Podemos, Bolsonaro ao PL, Doria venceu as prévias do PSDB e será o candidato tucano, o MDB lançou a senadora Simone Tebet(MS) e o PSD investe em Rodrigo Pacheco. Mas a última pesquisa Genial Investimentos/Quaest revelou que, neste momento, apenas 41% da população tem muito ou algum interesse em política.
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Lula aparece bem na pesquisa consolidado em primeiro lugar, variando de 46% a 48% suas intenções de votos nos diversos cenários testados para o primeiro turno e vencendo todos os cenários de segundo turno. Tem diminuído sua rejeição: hoje, 43% dizem o conhecer e que não votariam nele de forma alguma. Mas o jogo ainda não começou. Na campanha, terá que enfrentar a discussão sobre os escândalos de corrupção nos governos petistas e a herança econômica trágica deixada. E também cobranças sobre o compromisso com a democracia, tema que é palco de sucessivos escorregões quando insinua o controle sobre a imprensa ou defende ditaduras de esquerda como as da Nicarágua, de Cuba e da Venezuela.
Já Bolsonaro teve queda na avaliação negativa de seu governo que passou de 56% para 50%. Mas, sua rejeição continua altíssima, 64% dos brasileiros não votariam de forma alguma no atual presidente. As intenções de voto oscilam entre 21% e 24%. Certamente, o presidente conta com os impactos do fim da pandemia, do Auxílio Brasil, do Vale Gás, do Vale Alimentação. No entanto, as notícias nas áreas econômica e social não são nada boas.
Moro aparece em terceiro, com 11%, recuperando o percentual do lavajatismo que “roubou” de Bolsonaro. Mas tem rejeição surpreendente, 61% dizem que não votariam de nenhuma forma no ex-magistrado. Não tendo nenhuma experiência política e administrativa terá que demonstrar que pode ir além do “samba de uma nota só” do combate a corrupção. Ciro continua patinando entre 5 a 8%, evidenciando dificuldade de expansão frente a candidatura Lula.
A pesquisa revela que há um expressivo contingente de eleitores (24%) que gostariam de votar em alguém alternativo a Lula e Bolsonaro. Dória tem um excelente governo a mostrar e a marca da luta pela vacina. Rodrigo Pacheco tem seu perfil conciliador e sereno a explorar. Simone Tebet se destacou na CPI da covid-19. O jogo está aberto. Nada é definitivo. As tendências do eleitorado só serão mais sólidas a partir de julho de 2022. Até lá, os candidatos terão que contar com os vetores apontados por Maquiavel para o sucesso na política: virtude e sorte.
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