Os servidores públicos federais vinculados ao Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) se organizam para realizar uma manifestação no próximo dia 18, em frente ao Banco Central e ao Ministério da Economia. O protesto é contra a falta de reajustes salariais no Orçamento público da União em 2022.
A Fonacate reúne cerca de 200 mil servidores de diferentes órgãos públicos federais. Entre eles, encontram-se analistas da Receita Federal, auditores do trabalho e agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Os sindicatos reivindicam um reajuste salarial relativo à correção da inflação acumulada desde janeiro de 2017, período em que estão congelados os seus pagamentos.
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Silêncio do governo
Desde a aprovação do orçamento, no último dia 21, que o governo federal não se manifesta sobre as reivindicações por reajustes. De acordo com o presidente do Fonacate, Rudinei Marques, as manifestações são parte de um esforço para ao menos dar início a uma negociação. “Vamos concentrar fogo com essa mobilização do dia 18 e tentar com isso abrir um canal de diálogo com o governo”, disse.
No próximo dia 14 também está prevista uma reunião entre representantes dos sindicatos, para discutir os próximos passos além da manifestação. Duas categorias já estão em greve desde a aprovação do Orçamento: são eles os auditores da Receita e os auditores fiscais agropecuários. No caso da Receita, também já ocorre a entrega em massa de cargos de chefia e de confiança, com 1.237 entregas desde a aprovação do Orçamento.
Existe também a previsão de greve por parte dos servidores vinculados ao Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central, caso não se chegue a um acordo com o governo. A greve também está sendo discutida pelos analistas da Receita, que deliberam sobre isso em assembleia desde a última segunda-feira (3). A previsão é que ela seja concluída na sexta-feira (7).
Impacto econômico
Tanto os auditores da Receita quanto os auditores fiscais agropecuários estabeleceram entre seus indicativos de greve a chamada operação-padrão em alfândegas. Ou seja: produtos que chegam ao Brasil são fiscalizados com um rigor muito maior do que o comumente aplicado, gerando lentidão e filas na análise para que possam seguir caminho.
De acordo com o economista William Baghdassarian, é nas operações-padrão que o impacto econômico da greve de auditores se torna visível. “Uma greve da Receita desacelera as importações. Com ela, temos problemas nos portos para liberar mercadorias, temos problemas nos aeroportos para liberar os passageiros. (…) A ideia é criar um fato político sobre a insatisfação popular pelo aumento e, com isso, pressionar o governo para dar o aumento”, explica.
A arrecadação, principal função da Receita Federal, já tende a sofrer pouco impacto no curto prazo. “Ainda não há números que permitam saber se houve algum tipo de efeito de perda de arrecadação. Acredito que ainda não. Estamos ainda em um momento de sinalização política da Receita com o governo”, apontou.
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