Quando os gregos imaginaram que era possível contar o tempo das estações do ano, a partir de uma definição em torno de quando e de que forma aconteciam as mudanças do clima e do dia, eles notaram que o tempo passava por transformações advindas da própria natureza e não por intervenções dos deuses.
O homem iniciava, ali, sua percepção em torno do tempo.
As pesquisas indicam que as primeiras tentativas de “medir” o tempo surgiram na Mesopotâmia, por volta do ano 2.700 a.C., com a criação do primeiro calendário que surgiu, provavelmente, entre os sumérios, a mais antiga civilização conhecida no Sul da Mesopotâmia, na região dos rios Tigre e Eufrates.
Esse calendário teria sido aprimorado pelo povo da Caldeia, local que atualmente é o território composto pelo Iraque, Síria e Turquia.
Talvez, até por isso também, aquela região da Mesopotâmia seja considerada o berço para as primeiras civilizações que deram certo na humanidade.
O calendário entrou para a nossa história. Foi instituído pelo papa Gregório XIII, em 1582, após reformar o calendário juliano, herança do Império Romano.
Esse resgate histórico tem um objetivo único: trazer ao nosso cotidiano um pensamento atualizado sobre a urgência do tempo que temos para nos consertarmos como país.
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Ainda bem que inventaram o calendário, porque assim nos permitimos um “respiro” para pensar no que fizemos, olhando no retrovisor do tempo, e no que precisamos fazer, mirando o para-brisa da vida, olhando e tocando em frente.
Chegamos ao fim de mais um ano: 2021 foi um período pesaroso, dramático, de muitas perdas e enormes desafios.
Na virada do calendário, no limiar do ano novo, a chegada de 2022 traz um misto de esperança e luta. E, ao permitir que nos envolvamos com esse pensamento sobre o tempo, o calendário nos remete, imperativamente, a uma séria reflexão com relação ao nosso futuro.
Como herança, para além da possibilidade de “gerenciamento” do tempo, a invenção do calendário nos trouxe o ensinamento de que as coisas por aqui podem e devem ser tratadas como uma tarefa que demanda nosso engajamento, nossa participação como agente ativo da história.
Nosso papel como cidadão, também responsável pela construção de um mundo novo, mais fraterno e igualitário, pode e deve ser avaliado na apreciação do que fizemos até agora. Mas, sobretudo, a abertura de um novo ciclo traz um horizonte de novos desafios e perspectivas para o porvir. É a partir daí que o calendário nos é referência de como devemos nos portar no futuro.
Temos como concessão do tempo, aquele “respiro” para internalizarmos novos compromissos e mais amor às causas que buscam dar mais alento e felicidade aos que mais precisam e dependem da Política com “P” mais do que maiúsculo.
Se “o preço da liberdade é a eterna vigilância” – como ensina Thomas Jefferson -, nossa virada de calendário não pode ser contemplada com o nosso descuido, algo que nos remeta a reedição das agruras que marcaram 2021, a reboque do que o nosso país produziu em 2018 como resultado eleitoral.
No nosso cotidiano vindouro teremos como finalidade corrigir a discrepância do que necessitamos como ideal daquilo que vivenciamos no real.
A natureza já nos sinalizou que há mudanças nas estações. Elas são cíclicas. Resta-nos, portanto é ainda, buscar as condições objetivas para atualizar nosso calendário para uma agenda de prosperidade, trabalho, tolerância, fraternidade e esperança, já a partir do ano vindouro. Só assim teremos verdadeiros Anos Novos.
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