O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse na última quinta-feira (30) que ainda faltam muitos votos para o governo chegar à marca dos 308 necessários para aprovar a reforma da Previdência. Pesquisa divulgada pela Folha de S.Paulo neste sábado (2) confirma a expectativa de Maia. Ao menos 220 deputados declararam ser contrários à proposta do governo.
Veja a intenção de voto de cada deputado
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Apenas 46 informaram ser favoráveis, outros 11 apoiam a reforma parcialmente. Além deles, 51 se mostraram indecisos, 16 disseram que vão seguir a orientação partidária e 125 se recusaram a responder. Somados, esses potenciais apoiadores da proposta de Temer somam 249 nomes. A enquete foi feita com 512 deputados (um está de licença) entre 27 de novembro e 1º de dezembro. Outros 43 não foram localizados. Mesmo se todo esse grupo votasse com o governo, não seria atingida a votação mínima para aprovação do texto.
Entre outras coisas, a proposta de emenda à Constituição estabelece idade mínima de 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres) para aposentadoria, além de mudar a fórmula de cálculo do benefício.
A votação da PEC chegou a ser anunciada para a próxima semana, mas, diante da falta de votos, Maia e líderes governistas decidiram adiar para a semana seguinte o esforço em plenário. O presidente Michel Temer se reúne neste domingo com lideranças aliadas para discutir forma de aumentar o apoio à reforma.
O governo trabalha para que as mudanças passem na Câmara ainda em 2017 para evitar o desgaste de submeter um tema tão polêmico a votação em ano eleitoral. Caso alcance o apoio exigido em dois turnos entre os deputados, o texto terá de ser submetido ao Senado, onde enfrenta resistência também.
Se esta reforma maléfica for para votação deputado que votar a favor não volta.
Sejamos francos: a versão reduzida do projeto de reforma da Previdência mereceria ser aprovada, mas NÃO por este governo-zumbi. Primeiro, porque o governo perdeu toda a vergonha, e mente descaradamente, com apoio da grande imprensa, ao apelar para o “combate ao privilégio” (a equiparação dos regimes está em vigor desde 2003). Mas principalmente porque politicamente é inaceitável colocar “azeitona na empada” deste governo, que representa tudo de mau para este país desgraçado (pelo menos até serem julgados Temer et caterva). Se o governo quer fazer média com seu patrocinador – o “mercado” – que apresente claramente aos patrocinadores suas flatulências, como a candidatura Meirelles, sem comprometer insidiosamente a população e as instituições que a representam. A aprovação agora seria uma boia de salvação para certas almas penadas.
220 deputados jogando o Brasil num buraco sem fundo.