Eduardo Militão
As investigações sobre o golpe contra a folha de pagamentos da Câmara levaram, até agora, à abertura de três inquéritos contra mais de 30 pessoas por desvios que superam R$ 1 milhão. Os acusados foram indiciados por formação de quadrilha e estelionato.
A apuração é tratada em sigilo pela Câmara. O diretor geral da Casa, Sérgio Sampaio, se limita a dizer que os acusados responderão cível, criminal e administrativamente pelos delitos. Em outras palavras, deverão devolver o dinheiro embolsado ilegalmente, poderão ser presos e ainda demitidos.
“Estamos apurando ainda”, diz Sampaio, que repassou ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), um resumo dos fatos.
Alguns dos 30 suspeitos investigados
Francisco José Feijão de Araújo, o Franzé — Ex-assessor do deputado Sandro Mabel (PR-GO), é apontado pelos policiais como um dos líderes do esquema. Segundo a faxineira desempregada Márcia Flávia, foi ele quem pegou seus documentos pessoais dizendo que lhe daria um benefício social, quando, na verdade, ela se transformou em funcionária do gabinete de Mabel. Foi indiciado.
O que ele diz: Advogada fez contato com o suspeito a pedido do site, mas ele disse não querer se manifestar sobre o assunto.
Abigail Pereira da Silva — Ex-assessora do deputado Veloso (PMDB-BA), mulher de Franzé. É apontada pelos policiais como outra líder do esquema. Segundo o parlamentar, Abigail indicou duas funcionárias que “passavam necessidade” para trabalhar. Depois de dois anos lotadas no gabinete, Veloso decidiu demiti-las porque não estavam trabalhando. Veloso ainda afastou Abigail por envolvimento na farra das passagens
O que ela diz: Não foi localizada em seu antigo emprego. Na manhã de quarta-feira (11), uma senhora telefonou para o Congresso em Foco, identificou-se como esposa de Franzé, disse que ele era inocente, mas desligou o telefone abruptamente sem deixar seus contatos para melhores esclarecimentos. O site está aberto a eventuais novas explicações.
Márcia Flávia Silveira (nome fictício) — Faxineira desempregada de Valparaíso (GO) que virou secretária parlamentar do deputado Sandro Mabel (PR-GO), embora nunca tenha trabalhado na Câmara. Foi quatro vezes a uma agência bancária abrir contas para recebimento de valores acompanhada de Franzé. Foi indiciada.
O que ela diz: Afirma que foi vítima de Franzé e de uma quadrilha e que não queria ser funcionária fantasma, mas apenas receber um benefício social.
Severino Lourenço dos Santos Neto — Vendedor de pastéis do Gama (DF), um dos servidores que foi lotado no gabinete de Sandro Mabel. Ao menos no papel, ele era funcionário da Câmara, recebendo salário de R$ 2.400 e mais R$ 1.944 do Programa de Assistência Pré-escolar (PAE) entre outros benefícios. Ele foi exonerado em 31 de agosto do gabinete de Mabel, para onde foi contratado em 7 de janeiro de 2008. Foi indiciado.
O que ele diz: Reportagem não localizou o vendedor.
Alda Silva Bandeira e Rosângela Maria da Rocha – Ex-servidoras do gabinete de Raymundo Veloso (PMDB-BA). Segundo o deputado, foram indicadas por Abigail para trabalhar por serem pessoas carentes. Investigações dizem que filhos de Alda foram registrados em escola no Distrito Federal, embora estudassem em Águas Lindas (GO). O parlamentar resolveu demiti-las dois anos depois porque elas não apareciam no gabinete. Foram indiciadas.
O que elas dizem: Reportagem não localizar as duas no seu antigo emprego.
Rafael Reis Gonçalves – Ex-servidor do gabinete de Raymundo Veloso (PMDB-BA). Segundo colegas, ele aparecia para trabalhar regularmente. Mas o deputado diz que sequer se recorda da pessoa e muito menos da nomeação do servidor. Foi indiciado.
O que ele diz: Reportagem não localizar a pessoa em seu antigo emprego.
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