Durante a sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos, Goldfajn disse que deve prosseguir com o sistema de metas no controle inflacionário. Além disso, reforçou que um dos principais papeis do Banco Central é manter a inflação em baixa e a moeda estável. Ele acredita que a inflação deve voltar para o centro da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 4,5% ao ano.
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— Nosso objetivo será cumprir plenamente a meta, mirando seu ponto central. Nossa história mostra que níveis altos de inflação não favorecem ao crescimento econômico. Pelo contrário, desorganizam a economia e impactam a vida principalmente das classes menos favorecidas — afirmou Goldfajn.
O economista defendeu a autonomia do Banco Central, mas não a independência total. Ilan Goldfajn disse que o governo federal deve traçar os objetivos e o banco deve ter liberdade técnica e operacional para alcançá-los.
– Considero imprescindível manter e aprimorar a autonomia do Banco Central. Não se trata de ambição ou desejo pessoal, mas de medida que beneficia a sociedade mediante a redução das expectativas de inflação, da queda do risco país e da melhora da confiança, todas essenciais para a retomada do crescimento de forma sustentada, declarou.
O relator da indicação, senador Raimundo Lira (PMDB-PB) lembrou que esta foi a segunda vez que Ilan Goldfajn passou por sabatina no Senado. Há 16 anos isso aconteceu quando o economista foi designado ao cargo de diretor de Política Econômica do Banco Central, posto que ocupou de setembro de 2000 a julho de 2003.
– Portanto, é importante rememorar que o futuro presidente do Banco Central já tem conhecimento e vivência nesse órgão – recordou Lira.
Independência
Durante as discussões sobre a indicação de Goldfajn para a chefia do Banco Central, o presidente do Senado Renan Calheiros defendeu a independência da instituição. Para Renan, essa seria uma maneira de evitar pressões sobre a política monetária.
– Sempre defendi a independência formal do Banco Central, com mandato, para que, em circunstâncias como esta, não haja, venham de onde vierem, influências sobre a política monetária, nem do setor público, nem do Poder Executivo, nem do Poder Legislativo, nem do Poder Judiciário, nem tampouco do sistema financeiro e da iniciativa privada – declarou Renan.
Formação
Ilan Goldfajn é graduado em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e PhD em Economia pelo Massachussets Institute of Technology, nos Estados Unidos. Goldfajn ocupou, entre outros cargos, o de economista do Fundo Monetário Internacional (FMI) e foi consultor de organismos internacionais, tais como o FMI, Banco Mundial e Nações Unidas. De abril de 2009 até maio passado foi economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco.
Polêmica
O fato de o futuro presidente do Banco Central ter sido sócio do Itaú causou polêmica no Plenário do Senado. Lindbergh Farias (PT-RJ) considera um erro a substituição do presidente do Banco Central em um governo interino. Questionou também o grau de independência do economista.
– Na nossa avaliação, por conflito de interesse, Ilan Goldfajn não vai ter independência em relação às instituições financeiras. Até a semana passada era o economista-chefe do Banco Itaú. Era sócio do banco. Como vai ser ele o fiscalizador das instituições financeiras – questionou o petista.
Para Aécio Neves (PSDB-MG), os argumentos de que egressos do sistema financeiro privado não podem presidir o Banco Central restringem as opções.
– Os grandes nomes, os mais qualificados, quando não no governo, obviamente estarão, sim, no setor privado, prestando serviços com eficiência, com transparência, como fez o Ilan – afirmou Aécio.
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