O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anunciou neste sábado (10) que entrará com duas representações contra o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia. Randolfe vai acionar a Comissão de Ética da Presidência e a Procuradoria Geral da República para apurarem a conduta de Segóvia.
Na opinião do senador, o diretor-geral da PF não age com autonomia, mas como um “advogado de defesa” do presidente Michel Temer ao sugerir que um inquérito contra o presidente Michel Temer deve ser arquivado. “Esse senhor exorbitou nas suas atribuições com as declarações que fez”, afirma o senador em vídeo divulgado por sua assessoria de imprensa.
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Randolfe se refere à entrevista de Segóvia à Reuters em que Segóvia diz que o inquérito que apura se Temer recebeu propina em troca da edição de um decreto em favor da empresa Rodrimar no porto de Santos (SP). Na entrevista a Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito, o diretor-geral da PF sugere ainda que o delegado que cuida do caso pode ser punido administrativamente pelas perguntas que fez ao presidente.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso, que cuida do caso na corte, repreendeu o diretor-geral da PF e cobrou oficialmente esclarecimentos dele por tratar publicamente de uma investigação em curso. Delegados e peritos criminais federais também reprovaram a conduta do chefe. Em nota divulgado neste sábado, Segóvia nega ter antecipado o resultado do inquérito, mas não contesta o que disse à agência.
“No final a gente pode até concluir que não houve crime. Porque ali, em tese, o que a gente tem visto, nos depoimentos as pessoas têm reiteradamente confirmado que não houve nenhum tipo de corrupção, não há indícios de qualquer tipo de recurso ou dinheiro envolvidos. Há muitas conversas e poucas afirmações que levem realmente a que haja um crime”, declarou aos repórteres Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito.
Segundo o diretor, a tendência é que a Polícia Federal recomende o arquivamento do caso. Mas a Procuradoria Geral da República pode aceitar ou não essa recomendação.
Segóvia disse que não há indícios de que a Rodrimar tenha sido beneficiada pelo decreto, editado em 2017, nem que tenha havido oferta de propina. A PF apura se a medida que ampliou para 35 anos as concessões do setor favoreceu a empresa. Além de Temer, são investigados o ex-assessor da Presidência Rodrigo Rocha Loures, o presidente da Rodrimar, Antônio Grecco, e o diretor da empresa Ricardo Mesquita.
Este é o único inquérito em andamento no Supremo Tribunal Federal contra Temer. No ano passado, a Câmara barrou o andamento de duas denúncias criminais contra o presidente relacionadas à delação do Grupo J&F. Esses casos só voltarão a tramitar depois que o emedebista deixar a Presidência.
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