Assédios, pressões e opressões são situações cotidianas com as quais as mulheres, que ainda são minorias em redações Brasil afora, são confrontadas no ambiente profissional do jornalismo, com maioria machista e muitas vezes racista. “Um dia uma repórter foi ‘encoxada’ na sala por um editor. Depois disso, sempre quando voltava das pautas ela tinha que subir acompanhada para evitar certos tipos de problema”, relatou uma jornalista à pesquisa da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e do grupo Gênero e Número, com o apoio do Google News Lab. Com intuito de investigar os desafios enfrentados pelas mulheres no exercício da profissão jornalística, a pesquisa obteve relatos e resultados surpreendentes (leia os percentuais abaixo).
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“‘Você vai falar com fulano? Coloca uma saia curta, um decote… Aproveita que você tem isso e use a seu favor’, disse uma chefe mulher para mim”, relata outra jornalista na pesquisa. Os números obtidos revelam que a realidade supera e confirma os cenários descritos, que muitas vezes são vistos com olhar de vitimização por parte de quem não viveu esse tipo de violência.
Realizado entre 26 de junho e 28 de agosto de 2017, o estudo obteve um total de 531 respostas de mulheres jornalistas, das quais 477 foram consideradas válidas, de um universo de 271 veículos diferentes. Pelo menos 73% das jornalistas entrevistadas afirmam já ter escutado comentários ou piadas de natureza sexual sobre mulheres no seu ambiente de trabalho; 92,3% disseram já ter ouvido piadas machistas em seu ambiente de trabalho; 46% apontaram que as empresas em que trabalham não possuem canais para receber denúncias de assédio e discriminação de gênero.
Fontes de assédio
O problema do assédio não fica restrito ao ambiente que reúne empregado e empregador e se estende no dia-a-dia, em situações diversas durante o exercício da profissão. Um dos grandes desafios das mulheres jornalistas na busca por informações é a abordagem direta com o entrevistado e demais fontes de notícia. Mais da metade (59%) das jornalistas que responderam à pesquisa disseram ter presenciado ou tomado conhecimento sobre colega assediada por uma fonte ou entrevistado. Das jornalistas entrevistadas, 64% assumiram já ter sofrido abuso de poder ou de autoridade de chefes e informantes.
A pesquisa revela ainda que uma em cada dez jornalistas já recebeu, no exercício do trabalho, propostas ou demandas por favores sexuais em troca de algum benefício profissional ou material. Além disso, 70,4% admitiram já terem recebido cantadas que as deixaram desconfortáveis no exercício da profissão.
Ofensa tatuada
Um dos casos mais recentes aconteceu com a jornalista Basília Rodrigues, repórter da Rádio CBN. No ano passado, o deputado Wladimir Costa (SD-PA) foi autor de atitude agressiva e machista contra a jornalista brasiliense. No foco da polêmica, criada por ele mesmo, devido à tatuagem com o nome de Michel Temer em seu ombro, o deputado foi questionado sobre a veracidade da tatuagem e se poderia mostrar a imagem. Misógina, a resposta à repórter foi dada por Wladimir sem cerimônia: “Pra você, só se for o corpo inteiro”.
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Presenciada por parlamentares e colegas jornalistas, a frase foi motivo de risada para a maioria dos presentes. Diante do constrangimento, apenas dois deputados se solidarizaram com Basília, perceberam a gravidade da situação e pediram-lhe desculpas. “Em nenhum momento eu pensei em visibilidade a partir desta situação. Eu fui tratar com ele de pessoa para pessoa. Naquele momento eu me senti ofendida e decidi tratar diretamente com ele como uma pessoa normal. Logo que ele foi embora e outros deputados vieram me pedir desculpas é que eu fui entender um pouco aquilo que eu tinha passado e o quanto aquilo me desrespeitou. Não só a Basília, mas ele desrespeitou uma mulher, ele desrespeitou uma jornalista”, declarou Basília ao Congresso em Foco.
No caso de Basília, o desrespeito público não parou por aí. Com a repercussão negativa para o deputado, Wladmir postou um texto depreciativo nas redes sociais, com fotos pessoais da repórter em seu Facebook. Na postagem, o parlamentar insinua que a jornalista estava o processando com objetivo de ganhar “visibilidade”. Ele fez referência a “uma desconhecida jornalista” como a responsável pela denúncia de assédio e disse que ela jamais trabalhou em grande empresa de comunicação. “Deve ser um suposto assédio moral, porque sexual, como vocês podem ver pelas fotos, não tem a menor chance de acontecer, porque ela está mil por cento fora dos padrões aceitáveis de uma mulher.”
Na ocasião, Basília também descreveu em texto o absurdo a que foi submetida pelo deputado. “Duas coisas me chocaram muito nessa situação: ouvir o meu nome Basília sendo repetido em um contexto totalmente equivocado, porque é um nome que eu respeito muito por ser o nome da minha vó paterna; e também ver as minhas fotos circulando na internet, em grupos de WhatSapp com frases me desmerecendo como mulher. Fotos que foram retiradas do meu Facebook e editadas. Pegar a foto de uma pessoa, recortar e fazer juízo de valor simplesmente pelos padrões estéticos da pessoa foi um ataque inimaginável para mim”, revelou.
Reação
Na ocasião, o Sindicato dos jornalistas do DF e a própria Abraji divulgaram nota de repúdio contra Wladimir. “Se eu não tivesse esse respaldo da minha família, da categoria, dos meus amigos e do meu próprio trabalho, eu acho que dificilmente eu teria conseguido enfrentar essa situação. Se eu não tivesse tantas pessoas ao meu lado”, desabafou Basília.
Ao contrário de Basília, que teve todo apoio, nem sempre as jornalistas possuem a rede de proteção necessária para lidar com a situação. Em junho de 2016, quando uma repórter do site de notícias iG foi demitida depois de denunciar o cantor Biel por assédio, uma campanha chamada “Jornalistas contra o Assédio” ganhou as redes. Um vídeo foi produzido e reuniu depoimentos de situações de machismo e assédio moral e sexual vividas por repórteres mulheres (assista ao vídeo).
“Movimentos sociais, de classe, profissionais de diversas categorias se solidarizaram comigo. Muitos homens, em especial. Um dia na rádio, um ouvinte me ligou para me pedir desculpas em nome dos homens. Ele estava envergonhado, se viu tão constrangido ao saber do que tinha acontecido, mesmo sem ter nenhum tipo de envolvimento pessoal com a historia. Sempre busquei ser uma pessoa coerente. Sou focada no meu trabalho, nos meus projetos de vida, sem dever nada a ninguém. Não bato palmas pra maluco dançar e não tenho rabo preso com nenhuma fonte”, ponderou Basília.
A falta de apoio diante de uma denúncia faz com que muitas jornalistas deixem de denunciar um assédio. Muitas até por medo de perder a fonte de informação conquistada. “A situação pela qual eu passei, diversas jornalistas passam todos os dias e muitas ficam caladas porque elas acreditam que é melhor relevar para não perder um espaço. É melhor ficar calada, fechada em si para não levantar críticas e acabar sendo taxadas de provocadoras. Acabar levando o estigma da situação. As mulheres preferem calar para não perder os empregos, porque quase sempre elas não estão apoiadas nas defesas de seus direitos”, afirmou Basília.
“Apesar da minha bagagem profissional ter me blindado dessa tentativa de desmoralização, nenhuma mulher merece ser vítima desse tipo de desrespeito. Seja desempregada, com problemas na vida, à margem da sociedade ou não. Eu me vi alvo de desrespeito, preconceito, invasão. Ao tomar conhecimento do que ocorreu, o Sindicato dos Jornalistas do DF – como entidade de classe preocupada com o trabalhador – viu que houve assédio. O termo, no entanto, muitas vezes é mal colocado, mal visto e isso faz com que várias mulheres tenham medo de denunciar”, acrescentou a jornalista da CBN.
Núcleos de machismo
O foco da pesquisa foi investigar a situação das jornalistas nas redações, os tipos de assédio e violência que enfrentam em suas rotinas de trabalho e como respondem a eles, suas posições hierárquicas e o modo como enxergam a perspectiva de gênero nas coberturas. Na fase qualitativa, foram realizados grupos focais em Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo com 42 jornalistas. Ao longo das conversas, as participantes falaram sobre cinco eixos temáticos dentro da questão de gênero e trabalho: satisfação pessoal no trabalho, percepção de atitudes sexistas e formas de assédio no trabalho; avaliação sobre chances e oportunidades; percepção do impacto de gênero no desempenho profissional; avaliação sobre gênero; e cobertura midiática a partir do resultado.
No estudo, 65,7 % das jornalistas afirmam ter tido sua competência questionada ou visto uma colega ter a competência posta em dúvida por colegas ou superiores apenas em razão de ser mulher; 83,6% disseram já ter sofrido algum tipo de violência psicológica nas redações; 73% afirmam já ter escutado comentários ou piadas de natureza sexual sobre mulheres no seu ambiente de trabalho; e 92,3% dizem ter ouvido piadas machistas onde trabalham.
Conforme divulgado na pesquisa, os resultados mostram que há um longo caminho a percorrer para que a igualdade de gênero se estabeleça no jornalismo profissional. Algumas recomendações simples podem acelerar a transição para um período de justiça com todas as repórteres, editoras e trabalhadoras da imprensa brasileira.
A pesquisa aponta ainda algumas possíveis soluções: as redações devem encarar como pautas relevantes todas as investidas inapropriadas de fontes sobre jornalistas mulheres. Estampar o assédio às trabalhadoras e dedicar espaço a reportagens sobre diversidade de gênero são passos importantes para combater o abuso.
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Sem uma definição do critério para assédio, inclusive para as próprias mulheres, é difícil formar uma opinião sobre as opiniões retratadas na pesquisa. Os locais, amostragem, condições e região da mesma também influenciam para desqualificar a pesquisa. São números muito baixos. Porém fica clara a parcialidade da jornalista a cerca do assunto. Inclusive sua militancia. A notícia não é exposta levando em consideração o contraditório e suas possibilidades.
Contato físico não consentido, dependendo do caso pode ser assédio e até estupro.
Mas uma cantada grotesca, uma sugestão de vestimenta diferente, pode ser chamado no máximo de constrangimento. Só vira assédio depois do NÃO. Isso é conceito pacificado inclusive entre as mulheres. Então é incompreensível esse tipo de postura da jornalista.
Enquanto a mídia brasileira continuar considerando que a palavra das supostas vítimas de assédio são a verdade inequívoca não haverá avanços no combate a esse tipo de crime nessa situação específica, onde só há a palavra da vítima contra a do suposto agressor. Isso só fortalece a desqualificação da luta das mulheres por parte do machismo.
A constituição do Brasil segue ao menos em teoria a maioria das constituições do mundo a fora. Em todas elas existe o conceito de “In dubio, pro reu”, ou seja. Todos são considerados INOCENTES até que se prove o contrário. E infelizmente de modo irresponsável e perigoso, o feminismo contemporáneo vem militando para que os acusados de assédio ou estupro, antes mesmo de investigações ou comprovações já venham a ser considerados culpados sofrendo consequências como afastamento de seus empregos e outras penalidades sociais.
É preciso possui um caráter muito desvirtuado para compactuar com essa linha de raciocinio. Ter conhecimento da possibilidade de mentira, equivoco ou má fé de algumas mulheres e ignorar é no mínimo desonestidade intelectual.
Vocês por acaso já viram o número de falsas comunicações de crime de violência contra a mulher? Olhem as estatisticas e entendam o que estamos expondo aqui.
Apesar do assédio ser um problema real e existir, necessitando de combate. Nunca! Jamais! podemos sair noticiando e divulgando casos como sendo verídicos simplesmente porque alguém fez um relato nesse sentido.
Vocês jornalistas formados pós 2001 parece que não aprenderam nada ou já se esqueceram sobre o caso da “escola base”.