Fábio Bispo, de Florianópolis
Especial para o Congresso em Foco
Convidado pelo Psol para representar o partido nas eleições presidenciais de 2018, Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), em passagem por Florianópolis (SC), se esquivou de falar sobre sua possível candidatura e defendeu legado deixado pelo governo do ex-presidente Lula. No entanto, apesar do reconhecimento, o líder dos sem-teto ponderou que o petista deve responder por erros cometidos.
“Tenho o maior respeito pelo Lula, pela sua trajetória, pelo o que ele representa. É a maior liderança social do país, sem dúvida alguma. Mas isso não quer dizer que eu não tenha diferenças com o Lula. Ele deve ser reconhecido nos acertos, na sua trajetória, mas deve ser questionados nos erros de seu governo”, disse o líder dos trabalhadores sem-teto.
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Bolos não poupou o petista e criticou sua aproximação com os senadores peemedebistas Eunício Oliveira (CE) e Renan Calheiros (AL). “Eu não acho admissível em um momento como esse elogiar o Meirelles e andar com Renan e Eunício. Tenho diferenças e coloquei essas diferenças de forma clara e honesta para o próprio Lula”, disse logo após conversa com servidores da Saúde, durante passagem por Florianópolis no último dia 29 de novembro.
Sobre a condenação imposta ao petista pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, ele classificou como “injusta”
PublicidadeO líder do MTST cumpriu agenda apertada nos dois em que esteve em Santa Catarina. Na quarta, 28 de novembro, se encontrou com dirigentes do Psol e ministrou aula magna na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com o tema “Democracia ou Barbárie”. Na sexta (30), discursou no Congresso Estadual do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimento de Saúde Pública Estadual e Privado de Florianópolis e Região.
Pregando unidade da esquerda e a busca por uma identidade nas ruas, o líder dos sem-teto evitou falar de sua possível candidatura pelo Psol, partido ao qual ainda sequer está filiado. Além disso, defendeu que a apresentação de nomes sem programas é “uma lógica às avessas”.
“Esse debate [sobre sua candidatura] no MTST não está colocado neste momento. Eu tenho discutido com dirigentes do Psol. Evidentemente temos tido conversas e elas são públicas. Mas nós achamos que antecipar esse debate não tem ajudado em nada, esse momento é para focar na reforma da Previdência, na luta social e discutir projeto de país, não para adiantar questão eleitoral. O debate de 2018 tem que ser deixado para 2018”, respondeu.
Questionado se estaria sofrendo pressão do PT ou de Lula para não sair candidato, afirmou que sua proposta, neste momento, busca a reorganização da esquerda e que nunca houve pressão. “Eu faço parte do movimento social, sou dirigente do MTST, tenho bom diálogo com dirigentes do Psol, assim como tenho bom dialogo com muita gente no PT. Não é em termos de pressão que isso se coloca. Até porque, isso para nós não funciona e não faz sentido”, disse.
Divisão da esquerda
A defesa do nome de Boulos pelo Psol ganhou força, principalmente, após o deputado Chico Alencar (Psol-RJ) declinar da possibilidade de disputar o Palácio do Planalto, gerando ambiente favorável para as alas que veem no líder dos sem-teto a chance de propor novas propostas na pauta eleitoral.
Um dos principais militante do Vamos, plataforma inspirada no Podemos, da Espanha, e a Geringonça, de Portugal, Boulos diz que a estratégia política para 2018 vai além do resultado das urnas. Sua proposta tenta criar um movimento de mobilização nacional por mudanças pautadas na agenda social, mas que esbarra nas candidaturas de Lula, com quem chegou a se reunir pessoalmente no mês de novembro, e de Manoela D’Ávila, que promete entrar na corrida pelo PCdoB.
“Se a esquerda aprendeu alguma coisa com o golpe é o fato de que ganhar a eleição não resolve todos os problemas. Eleição não é uma panaceia. A Dilma ganhou a eleição e resolveu o quê? Tomou um golpe um ano depois”, disparou Boulos, que defendeu a criação de um ambiente de debates antes da apresentação de nomes.
“O Vamos não está pautado pelo calendário eleitoral. Isso não quer dizer que a gente exclua o algum tipo de participação eleitoral. Isso tem sido feito, inclusive de forma até pública, mas o foco não é em função dessa agenda”.
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