Apesar da perspectiva de engavetar a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) com folga na Câmara, parlamentares da base aliada do presidente sinalizam que podem não votar a favor do arquivamento das acusações. Conforme informações divulgadas pelo jornal O Globo, neste sábado (14), insatisfeita, a base aliada conta com deputados rebeldes que apontam possível mudança de voto.
Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, onde o relator da denúncia, deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), já apresentou seu parecer pela rejeição da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer, por obstrução de Justiça e organização criminosa, a tendência é que o presidente compute menos votos. No colegiado, o parecer de Andrada está previsto para ser votado nesta próxima semana. Integrantes da “Tropa de choque de Temer” – os deputados Carlos Marun (PMDB-MS), Darcísio Perondi (PMDB-RS) e Beto Mansur (PRB-SP) – se articulam para reverter o cenário.
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As jornalistas Catarina Alencastro e Cristiane Jungblut, na reportagem, apontam como exemplo o caso do “DEM, que está em pé de guerra com o PMDB por conta da disputa por filiações partidárias, e o PSD, insatisfeito com o fato de o Planalto não ter retaliado os partidos infiéis”. Desta vez, a denúncia também envolve os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral).
“Além dos problemas com a base, há o desdobramento da saída do PSB do governo, anunciada pouco depois da revelação das gravações da JBS, em maio, mas que gerou uma divisão no partido. Apesar da posição oficial, uma ala do PSB permaneceu apoiando Temer e votando em seu favor. Agora, a sigla resolveu endurecer com os dissidentes e decidiu expulsá-los”, diz trecho da reportagem, que diante do cenário analisa que pelo menos dois votos desfavoráveis Temer terá garantido na CCJ.
A primeira denúncia contra o peemedebista foi vencida na Casa após 17 trocas de membros, com votação de 40 votos pelo arquivamento do caso contra 24 pelo prosseguimento das investigações. No plenário, a votação está prevista para o dia 24 de outubro. Deputados da oposição avaliam que o desgaste causado aos parlamentares em que apoiaram Temer pode levar a uma debandada ainda maior nesta segunda denúncia.
No plenário, para arquivar a segunda investigação, Temer precisará ter pelo menos 172 deputados a seu lado, votando ou se ausentando. Na primeira denúncia, o placar foi de 263 a favor do presidente contra 227.
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