Pouco mais de 77% dos integrantes do Congresso registraram apoio à instalação da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que, com requerimento de criação lido ontem (quinta, 19) em sessão do Congresso, está apta a ser instalada e a investigar as relações entre o bicheiro goiano Carlinhos Cachoeira, preso desde fevereiro, e agentes públicos e privados dos mais diversos calibres – como o ex-líder do DEM no Senado Demóstenes Torres (sem-partido-GO) e Fernando Cavendish, dono da Delta Engenharia, empresa com diversos contratos com o governo e as obras do Programa de Aceleração do Crescimento. Findo o prazo de retirada ou inclusão de assinaturas (meia-noite do dia em que o requerimento for lido), a adesão à CPMI registrou 468 assinaturas entre 594 possíveis (513 deputados e 81 senadores).
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No último minuto desta quinta-feira (19), a reportagem do Congresso em Foco recebeu da Secretaria Geral da Mesa do Senado a confirmação de que 385 deputados e 72 senadores (61% e 88% dos representantes, respectivamente) haviam registrado suas assinaturas de adesão. Ou seja, 457 signatários. Mas 11 deputados também registraram a tempo suas assinaturas, pouco antes do encerramento do prazo e depois do penúltimo balanço feito ontem pela secretaria (às 19h30), que agora passa a fazer a conferência desses últimos nomes. Nenhum parlamentar retirou seu apoio à criação da CPMI – os 11 restantes devem ser confirmados nas próximas horas, a não ser que haja algum problema com as assinaturas (hipótese pouco provável). O número final será divulgado na manhã desta sexta-feira (20).
Com os registros finais da Secretaria Geral da Mesa, constata-se que o número mínimo exigido para a instalação de uma CPMI foi suplantado com folga de 214 deputados e 45 senadores – para que o colegiado seja criado, são necessárias as assinaturas de 27 senadores e 171 deputados, ou um terço de cada Casa legislativa. A partir da leitura do requerimento de criação e da conferência final de assinaturas, parte-se agora para a instalação do colegiado. Os partidos já começaram a indicar seus representantes – 15 titulares e 15 suplentes para cada Casa legislativa (total de 60 membros), em divisão que obedece ao critério de proporcionalidade, considerando-se o tamanho das bancadas e agrupamentos partidários.
Os partidos têm até a próxima terça-feira (24) para indicar seus representantes. Acertada a composição, os postos de comando costumam seguir uma praxe em casos de instalação de CPI mista: caberá ao PMDB, por ser o maior partido do Congresso, indicar o presidente do colegiado – como este site registrou há pouco, Vital do Rêgo (PMDB-PB) confirmou ter aceitado a indicação do líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL); já a segunda maior legenda, o PT, fica encarregada de designar o relator da comissão, posto-chave incumbido de apresentar o relatório conclusivo dos trabalhos (resultado das investigações). Após presidente e relator serem eleitos, a CPMI é considerada formalmente instalada, com o transcurso da primeira sessão.
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A CPMI vai investigar a relação de Carlinhos Cachoeira com políticos como o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) e deputados de partidos diversos, além de membros do Judiciário e do Ministério Público goianos. Também está prevista a investigação de agentes privados. Em especial, a construtora Delta, uma das maiores do país, e que teria relações com o bicheiro. Outro alvo da CPMI será a “grampolândia” articulada por Cachoeira, uma ampla rede de espionagem especialmente de políticos em Brasília e outras cidades.
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