O deputado Delegado Protógenes (PCdoB-SP) protocolou nesta quarta-feira (21) a CPI da Privataria, para investigar pagamentos de propinas e lavagem de dinheiro durante as privatizações da década de 90, feitas no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). As acusações estão no livro “A privataria tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que também dispersa acusações sobre espionagem dentro do próprio PT. O requerimento apresentado tinha 206 assinaturas e vai ser levado à análise pelo presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que até agora não autorizou a criação de nenhuma comissão parlamentar de inquérito, apesar de outras quatro estarem “na fila”.
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Mas hoje Maia disse que vai autorizar a instalação de outras duas CPIs. Também afirmou que a investigação sobre a “privataria” parece ter o objetivo de esclarecer os fatos e dar voz aos acusados de corrupção no livro. “É uma CPI explosiva, com contornos muito claros de debate político”, avaliou Maia. A análise para a abertura da apuração só vai acontecer em 2012.
Protógenes disse que, apesar do ano eleitoral, a CPI não será usada como instrumento de difamação de adversários na corrida às prefeituras no ano que vem. O delegado ainda disse que a CPI deverá chamar para depor os personagens citados por Amaury no livro, como o ex-governador José Serra (PSDB), o tesoureiro tucano Ricardo Sérgio, o banqueiro Daniel Dantas e o ministro do Desenvolvimento Eocnômico, Fernando Pimentel, do PT.
O deputado ressalvou, porém, que essa atribuição de convocar essas pessoas virá dos membros da comissão. Protógenes não acredita que os deputados vão retirar assinaturas do requerimento porque todos estão interessados em esclarecer os fatos narrados no livro, para atestar se são verdadeiros ou não.
Delegado da Operação Satiagraha, que em 2008 prendeu Dantas, ele viu conexões entre as informações do livro e outras operações policiais. “Nunca imaginávamos que grande volume de dinheiro [enviado para o exterior] era do processo de privatização”, afirmou Protógenes.
O livro de Amaury usa muitos documentos obtidos pela CPI do Banestado, que apurou lavagem de dinheiro, e apontou indícios contra integrantes do PT e do PSDB. Por conta disso, houve um ‘acordão’ para encerrar os trabalhos. “Vamos ver a realidade para ver se não haverá um outro ‘acordão’”, desafiou o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), que acompanhava a entrevista coletiva.
PublicidadeEntrevista com Amaury: Assim caminhou a privataria
Verba de gabinete
Marco Maia preferiu não responder se haveria esta semana votação do aumento da verba de gabinete dos deputados, dos atuais R$ 60 mil por mês para até R$ 90 mil mensais. “Não, esse tema…”, iniciou ele, antes de ser interrompido por um protesto de servidores do Judiciário que acompanhava a entrevista. Encerrada a gritaria, Maia preferiu não continuar com sua resposta e terminou a conversa com os jornalistas.
Como a votação depende apenas de uma reunião da Mesa Diretora, a ser marcada por Maia, tecnicamente, o aumento pode ser feito ainda antes do fim do ano. O presidente da Câmara disse que estará em Brasília na semana que vem.
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