A crise no PSL fez o MDB ganhar mais espaço político na gestão Jair Bolsonaro. Embora não faça parte da base aliada, o partido tem agora um ministério e dois dos três líderes do governo. Os nomes escolhidos por Bolsonaro para essas tarefas são velhos conhecidos da política: o ministro Osmar Terra, da Cidadania, e os senadores Fernando Bezerra (PE) e Eduardo Gomes (TO), líderes no Senado e no Congresso.
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Depois de perder o protagonismo com a redução dramática de sua bancada na Câmara e as eleições para a presidência da Câmara e do Senado este ano, o MDB volta a mostrar sua importância no tabuleiro do Congresso Nacional. Com um neófito na política na Câmara, o deputado Major Vitor Hugo (GO), ele aposta sua interlocução no Parlamento em dois emedebistas veteranos que transitam com facilidade por quase todos os partidos.
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Missão que se tornará ainda mais importante para o presidente com o eventual esfacelamento de sua sigla. Afinal, parlamentares dissidentes já ensaiam pular para as cadeiras da oposição, complicando ainda mais a vida do governo nas votações. Vitor Hugo sofreu boicote dentro do próprio PSL quando assumiu a função. Servidor da Câmara e policial militar da reserva, ele foi tratado com indiferença por colegas nos primeiros meses de liderança. Apenas mais recentemente passou a ser aceito como líder.
Articulador
O currículo de Eduardo Gomes contrasta com o da sua antecessora, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), que, apesar de ser articulada e ter bom diálogo com deputados do centrão e com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está em seu primeiro mandato eletivo e, antes, era jornalista e youtuber. Técnicos legislativos que acompanham as discussões no Congresso afirmam que o senador é um “exímio articulador”.
Eleito no final do ano passado pelo Solidariedade, Eduardo se mudou para o MDB logo em janeiro, antes do ano legislativo começar. Durante a solenidade de filiação figuras antigas do partido estavam presentes como Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Eunício Oliveira (CE). Na eleição para a presidência do Senado, ele apoiou Renan durante a sua campanha. O senador alagoano acabou derrotado por Davi Alcolumbre (DEM-AP), nome de confiança do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
Empresário, o escolhido para ser o líder do governo está na política desde 1997, quando era vereador de Palmas (TO). Entre 2003 e 2014 foi deputado federal. No ano passado foi o articulador político do governador Mauro Carlesse (DEM-TO), exercendo o cargo de secretário da Governadoria.
Apesar de a base governista se limitar formalmente aos congressistas do seu partido, o PSL, hoje em uma violenta guerra interna, Bolsonaro sempre teve senadores próximos distribuídos em diferentes partidos. Além de Eduardo Gomes e Fernando Bezerra, são exemplos disso os senadores Izalci Lucas (PSDB-DF), Chico Rodrigues (DEM-RR) e Marcos Rogério (DEM-RO). O primeiro e o segundo são seus vice-líderes.
Eduardo Gomes é elogiado pelos seus pares no Senado. Após a definição do nome, o Congresso em Foco mostrou que seu nome foi bem recebido pelos líderes Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Weverton Rocha (PDT-MA). O senador Irajá Abreu (PSD-TO), eleito pelo mesmo estado que Eduardo Gomes em 2018, apoia a mudança na articulação política. “Tem qualidades e características necessárias para o bom exercício do cargo. E, por isso, desejo muito sucesso no trabalho a ser desenvolvido”, disse.
Também na Câmara o nome do senador foi bem recebido. O líder do DEM, deputado Elmar Nascimento (BA), classificou como boa a escolha de Bolsonaro. Eduardo Gomes foi vereador de Palmas por dois mandatos. Como presidente da câmara municipal, assumiu interinamente a prefeitura. Exerceu três mandatos de deputado federal.
Atual 2º secretário da Mesa Diretora do Senado, o senador é membro titular das comissões de Assuntos Sociais, de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática e de Serviços de Infraestrutura. Presidiu a comissão mista que tratou da MP n° 869, de 2018, transformada na Lei no 13.853/2019, sobre proteção de dados pessoais.
Apesar dessa aproximação pontual em alguns cargos com o partido conhecido por sustentar a base de todos os presidentes pós-redemocratização anterior a Bolsonaro, é descartada uma ida de Bolsonaro para o MDB.
“Ninguém falou sobre isso”, disse o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi (SP), após ser perguntado pelo Congresso em Foco nesta semana sobre o futuro partidário do presidente da República. Baleia, que também é líder da bancada na Câmara, esteve no Palácio do Planalto semana passada para uma reunião com Bolsonaro. Hoje os destinos mais prováveis para o presidente, caso confirme sua desfiliação, são o Patriota ou o Republicanos (ex-PRB). A advogada de Bolsonaro, Karina Kufa, organiza uma reunião com essas duas siglas.
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