Primo de Luiz Henrique Mandetta, o deputado Fábio Trad (PSD-MS) avaliou, em entrevista ao Congresso em Foco nesta quarta-feira (25), que o ministro da Saúde ficou em uma situação política extremamente delicada após o pronunciamento em que o presidente Jair Bolsonaro minimizou a gravidade do coronavírus, contrariando suas orientações desde o início da pandemia.
Para ele, o ministro deve ficar com a ciência mesmo que isso lhe custe o cargo. “Mandetta, eu o conheço há mais de 40 anos. Permita-me um conselho de quem tem seu sangue nas veias: a dignidade de um homem está acima de cargos. Não fuja do juramento que fez na sua formatura. Fique com a ciência. Se isto lhe custar o ministério, paciência. Sangue não vira água!”, publicou o deputado no Twitter.
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“Uma situação extremamente difícil politicamente para o Mandetta, ele vai ter que encontrar um caminho que não transpareça à opinião pública que ele esteja refluindo, esteja negando aquilo que antes havia afirmado e encontrar uma forma de trabalhar tecnicamente sem que haja qualquer tipo de melindre com o pensamento do presidente”, declarou.
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Para o deputado do PSD, não seria o cenário ideal o ministro negar as recomendações técnicas que vem adotando:
“Ou ele reflui no sentido de temperar aquilo que antes havia enfatizado. Isso não é bom porque mostra uma certa, digamos, claudicância, recalcitrância, até mesmo de natureza técnica, na sua orientação, desempenho. Ou ele abraça a ciência e reforça o caráter, digamos, grave dessa patologia, sustentando a procedência e pertinência das recomendações que antes ele adotou e que foram de certa forma ontem relativizadas pelo presidente da República.”
Apesar de defender as recomendações de restrição adotadas por Mandetta, Trad ressaltou que Bolsonaro colocou o ministro em uma situação difícil, visto que ele estaria em conflito presidente caso decidisse contrariar o discurso do chefe de minimização da gravidade da pandemia.
“Se ele fizer isso [manter a atuação técnica], politicamente entrará em rota de colisão com o chefe de Estado e isso vai gerar um problema para ele, para o Ministério da Saúde e para toda população”, afirmou .
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