O vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSC) atacou o vice-presidente Hamilton Mourão e sugeriu que ele é desleal ao seu pai, o presidente Jair Bolsonaro. Carlos reproduziu trecho de um convite para uma palestra com Mourão na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. No texto, o vice é apontado como “voz da razão e moderação” de um governo mergulhado em crise. “Se não visse, não acreditaria que aceitou com tais termos. Este jogo está muito claro”, escreveu o vereador no Twitter.
Ele também destacou um comentário crítico a Bolsonaro, feito nas redes sociais pela jornalista Rachel Sheherazade, curtido pelo vice-presidente. “Tirem suas conclusões”, afirmou o filho do presidente. Na publicação, a jornalista elogia a participação de Mourão no debate na universidade norte-americana. “O vice mostrou como ele e o presidente são diferentes: um é o vinho, o outro, vinagre”. A curtida, assim como o próprio convite, é um dos pontos que embasam o pedido de impeachment do vice, apresentado pelo deputado Pastor Marco Feliciano (Podemos-SP), vice-líder do governo no Congresso.
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Antes dessas duas publicações, Carlos já havia tomado partido contra Mourão em duas oportunidades nessa segunda-feira (22). Em ambos os casos, saiu em defesa do escritor Olavo de Carvalho. No fim de semana, o vereador e o canal de Bolsonaro no Youtube reproduziram vídeo de Olavo com críticas a militares. Na gravação, Olavo diz que eles só fizeram “cagada” nas últimas décadas e entregaram o Brasil ao “comunismo”.
PublicidadeTradução “so que parece ser” convite ao vice presidente para palestra nos EUA e convidados-se não visse não acreditaria que aceitou com tais termos (que pode ser conferido no próprio site da empresa) / já que desta vez não se trata de curtida vamos ver como alguns irão reclamar. pic.twitter.com/saNy6qRYGf
Publicidade— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) 23 de abril de 2019
Ainda ontem à noite, horas após Jair Bolsonaro divulgar uma nota, por meio de seu porta-voz, afirmando que esse tipo de crítica de Olavo não contribuía para os interesses do governo, Carlos chamou o escritor de “gigantesca referência do que vem acontecendo há tempos no Brasil”. “Desprezar isto só têm três motivos: total desconhecimento, se lixando para os reais problemas do Brasil ou acha que o mundo gira em torno de seu umbigo por motivos que prefiro que reflitam”, escreveu no Twitter.
Tirem suas conclusões: pic.twitter.com/48x9xRpWCX
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) 23 de abril de 2019
Ele também curtiu a resposta de Olavo a uma ironia feita por Mourão. O vice sugeriu que a melhor função desempenhada pelo escritor gaúcho, que se autodeclara filósofo, é a de astrólogo, sua área de formação. “Pode continuar a prever as coisas que ele é bom nisso”, disse o vice de Bolsonaro. “O Mourão deveria se limitar à única função que desempenha bem, de modelo”, devolveu Olavo.
O escritor também negou estar por trás do pedido de impeachment apresentado por Feliciano: “Não tenho BOSTA NENHUMA a ver com o pedido de impeachment do Mourão. Se tivesse, diria com todas as letras. O que eu faço, assumo, Não me escondo por trás de políticos. Apenas, esses homens de isopor da esfera federal nem acreditam que exista alguém assim. Acham impossível, porque nunca viram um nos ambientes que frequentam”.
Em nota lida pelo porta-voz ontem no fim da tarde, Bolsonaro tentou se afastar da polêmica envolvendo Olavo e os militares. “O professor Olavo de Carvalho teve um papel considerável na exposição das ideias conservadoras que se contrapuseram à mensagem anacrônica cultuada pela esquerda e que tanto mal fizeram ao nosso País. Entretanto, sua recentes declarações contra integrantes dos poderes da República não contribuem para a unicidade de esforços e consequente atingimento dos objetivos propostos em nosso projeto de governo, que visam ao fim e ao cabo ao bem estar da sociedade brasileira e ao soerguimento do Brasil no contexto das nações”, disse o presidente, segundo o general Otávio Rêgo Barros.
Olavetes e militares
O Ministério da Educação é o principal foco de atrito entre os chamados olavetes, seguidores do escritor, e o núcleo militar. Indicado por Olavo para o cargo, Ricardo Vélez Rodríguez deixou a pasta no início do mês após cerca de três meses de paralisia gerencial e trocas constantes em cargos importantes do ministério.
O seu substituto, o economista Abraham Weintraub, também é adepto das ideias do polemista gaúcho e tem trazido de volta ao governo outros nomes ligados a Olavo de Carvalho. Outro ministro que chegou ao cargo sob as bênçãos dele é o titular das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Bolsonaro, Ernesto e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, ofereceram um jantar em homenagem a Olavo durante a passagem da comitiva presidencial pelos Estados Unidos em março.
No mesmo mês o escritor chamou Mourão de “um cara idiota”. O vice-presidente respondeu, ao ser questionado sobre a declaração por jornalistas, mandando um “beijinho” para o polêmico influenciador intelectual dos filhos de Bolsonaro.
>> Marco Feliciano, vice-líder do governo, pede impeachment de Mourão
>> Veja a íntegra do pedido de impeachment formulado por Feliciano contra Mourão
O “Tonho da Lua” está é com ciúmes do sucesso que faz o Mourão.
Não, o Mourão não é traidor. ao contrário, tem dado provas de sua fidelidade. O que acontece é que Mourão é ponderado e capaz, ao contrário de Bolsonaro, que é parlapatão e dá uma mancada atrás da outra. Eu, se fosse Bolsonaro, cortava a ingerência dos filhos, trocava a senha do tuíte para que o “Tonho da Lua” não ficasse postando besteiras em nome do Presidente, ouvia mais os assessores e parava de falar bobagens. O que o Brasil precisa é de governo e não de alguém que se comporta como se ainda estivesse em campanha e fala impropriedades pelos cotovelos.
O que o Bolsonaro quer? Preparar o seu “02” para candidato à presidente em 2022? Bom, já deixou-o “despachar”, sentado na cadeira que lhe pertence (por outorga do povo), quando viajou. Não me lembro de nenhum outro Presidente que tenha cometido tal ato de “insensatez”. Já desfilou na segurança do carro presidencial na posse do pai; e, agora, tudo que faz, comenta, critica, coloca seu “entendimento’ em qualquer assunto, o pai vem dar o parabéns ao filhão no seu brinquedinho de estimação. Bolsonaro tá de brincadeira! Tem que respeitar a faixa presidencial que recebeu, para governar para todos!!! Não governa a própria casa! Que projetos esse “zero” falastrão, grosseiro, e de meia-tigela quebrada, apresentou em seus quatro meses de mandato, sentado na sua própria cadeira??? Pelo amor de Deus! Cadê esse povo de deputados e senadores experientes, com experiência suficiente de tempos na Câmara e no Senado, que não chamam esse bendito papagaio de pirata e o mandam “calar a boca”, e apresentar TRABALHO! Trabalho, não ficar “fofocando nas redes sociais!!!
Não sei quem é pior. Um vice que é contra o décimo-terceiro e férias, e quer uma constituinte de “notáveis”, ou um Bozo submetido a um astrólogo maluco.
Não consigo ver qualquer benefício para os Bolsonaros nesta briga com Mourão. Mesmo que o vice saia, seja por vontade própria ou não, ele pode voltar como candidato em 2022. Além disso, se o Mourão sair, o Bolsonaro perde de vez o apoio dos que votaram nele por causa das conexões militares. Essa briga – e eventual “vitória” – só vai agradar aos eleitores do “fã-clube” do Bolsonaro, isto é, pessoas que votaram no Bolsonaro por causa de sua personalidade e que, verdade seja, nunca deixarão de votar nele..
Você tem razão. Contudo, convenhamos, não se encontrará razoes para impedimento de Mourão. O problema todo é que o clã Bolsonaro, especialmente o “Tonho da Lua”, que cuida do tuíter do pai, morre de ciúmes de Mourão, que destaca-se por dua ponderação e conhecimento, ao contrário do pai, que não passa de um parlapatão que só causa instabilidades no Brasil. A sorte é que o Ministério Bolsonaro é bom, salvo algumas exceções, mas de Bolsonaro cair (por suas besteiras!), o Brasil estará em boas mãos.