O presidente Jair Bolsonaro disse, nesta quinta-feira (17), que nas eleições de 2022 estão em jogo não apenas a escolha de parlamentares e governadores, mas também dos novos Supremo Tribunal Federal (STF), órgão cuja composição é de influência direta da Presidência da República. Ele fez as contas e disse, que, uma vez reeleito, poderá indicar até quatro membros para o mais alto cargo do judiciário brasileiro.
“Quem ganhar em 2022, no primeiro semestre de 2023 indica dois nomes ao Supremo Tribunal Federal”, disse. E então, passou a fazer contas: “Vamos supor que eu dispute as eleições, não me decidi ainda: se eu me eleja, terei indicado quatro para o Supremo Tribunal Federal. Não é maioria? Não é, mas decide muito.”
Bolsonaro indicou que não iria fazer críticas diretas à corte, mas reconheceu que o objetivo é rever o perfil da corte. O presidente já indicou Nunes Marques para a vaga de Celso de Mello em 2020. Hoje, está na iminência de indicar o sucessor de Marco Aurélio Mello, decano da corte que se aposenta em julho após 31 anos de serviços prestados.
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Novo partido
A resposta sobre o STF veio após Bolsonaro especular qual seria o novo partido ao qual vai se filiar. O senador Flávio Bolsonaro migrou para o Patriota, mas a ida do pai pode ser dificultada caso ele não consiga o controle da máquina partidária durante as eleições.
Por isso, o discurso de Bolsonaro foi de cautela. “Eu vou ter que ter um partido. Eu já teria resolvido esse assunto, mas tem que ser muito bem conversado.” Bolsonaro garantiu, no entanto, que sua ida é quase certa para uma legenda pequena, de fundo partidário pequeno e que contaria, segundo ele, com 25 segundos de tempo de TV.
Bolsonaro fez o mesmo caminho em 2018, ao se candidatar pelo PSL. Fora da legenda, subdimensionou a antiga casa. “Com todo respeito ao PSL, se eu não fosse candidato a presidente, o PSL teria talvez uns 8, 9 ou 10 deputados federais eleitos, e não 54. Seria um partido pequeno, como outros por aí”, afirmou. “Um partido que cresceu muito, dada minha participação lá.”
Ao lado dele, enquanto falava, estava o líder do PSL na Câmara, Major Vitor Hugo (GO), que deve seguir o presidente.
Sanção sobre improbidade administrativa
Bolsonaro indicou, durante a live, que irá sancionar o PL que afrouxa regras sobre improbidade administrativa, aprovado nesta quarta-feira (16) na Câmara dos Deputados. Ele defendeu a proposta como uma forma de flexibilizar o que definiu como “burocracias pesadíssimas” enfrentada por prefeitos.
“Muita gente se elege de boa-fé e, depois que entra, vê a dificuldade que é mexer com a legislação”, argumentou . “Quase sempre, quase uma regra, o prefeito sair com vários processos sobre improbidade administrativa”, continuou.
O presidente comentou que o projeto, aprovado por 408 votos a favor, 67 contra e uma abstenção, não é um passe livre para que gestores cometam crimes .”Isso não é escancarar as portas para a corrupção. Converse aí com um prefeito de cidade pequena”, comentou Bolsonaro, que provocou: “E para quem reclama: se candidate a prefeito, converse com o prefeito, veja a dificuldade e o sofrimento que é.”
Bolsonaro disse que ainda não teve acesso ao texto, mas que apoia seu conteúdo. O projeto ainda deve ir para o Senado, e pode voltar para a Câmara para votação de alterações antes de envio à sanção presidencial.
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