O presidente Jair Bolsonaro disse, nesta quinta-feira (19), que “não haverá ruptura” de sua parte e que sabe das consequências internas e externas de uma tentativa de golpe. “Mas provocam-nos o tempo todo”, afirmou, em discurso em Cuiabá. Entre as “provocações”, Bolsonaro citou, sem citar nome, a prisão de seu aliado Roberto Jefferson (PTB-RJ), ex-deputado cassado e condenado por corrupção no mensalão, e a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de desmonetizar no Youtube canais bolsonaristas acusados de propagar mentiras sobre o sistema eleitoral brasileiro. Jefferson foi preso após fazer ameaças contra os ministros Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Não é justo prender quem quer que seja, sem o devido processo legal. Não é justo o TSE desmonetizar páginas que falem que o voto impresso é necessário ou que desconfiam do voto eletrônico. Daqui a pouco, os TREs vão fazer a mesma coisa”, afirmou o presidente. “Nós jogamos dentro das quatro linhas da Constituição. Alguns poucos jogam fora delas. Não podemos aceitar uma ditadura branca em nosso país, com cerceamento de mídias sociais”, declarou.
Bolsonaro entregou 42 equipamentos agrícolas em Cuiabá a comunidades indígenas, no seminário Regional Etnodesenvolvimento e Sustentabilidade Centro-Oeste. Durante seu discurso, o presidente disse que pretende participar dos atos de 7 de setembro, em Brasília e São Paulo, organizados por seus aliados. As manifestações serão direcionadas em defesa do governo e contra o Supremo.
“Perguntam onde estarei em 7 de setembro. Estarei, como sempre, onde o povo estiver. Posso adiantar: pretendo estar na Esplanada dos Ministérios. Pretendo, à tarde, estar na paulista. E convido. Eu fui convidado e convido qualquer político a comparecer ao evento. É a segunda independência nossa”, afirmou. “Se é difícil lutar com liberdade, imagine lutar sem liberdade.”
Depois de ter atacado Moraes e Barroso, Bolsonaro disse que está disposto a conversar com os dois ministros. “Quero paz, quero tranquilidade. Converso com o senhor Alexandre de Moraes, se ele quiser conversar comigo. Converso com o senhor Barroso, se quiser conversar comigo”, afirmou. “E vamos chegar num acordo. Toda vez que há um problema, se mexe no dólar. Mexeu no dólar, mexe no preço do combustível. Tem inflação. Tem dor de cabeça para o povo todo, em especial o mais pobre, o mais humilde. É pedir muito o diálogo? Que, da minha parte, nunca vou fechar as portas para ninguém.”
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