Em um discurso para dezenas de milhares de pessoas na Esplanada dos Ministérios, o presidente Jair Bolsonaro elevou tom golpista de suas ameaças, e afirmou que não respeitará todas as decisões vindas do Judiciário. Segundo Bolsonaro, qualquer sentença “que venha fora das quatro linhas da Constituição” não será cumprida por ele nem por seus ministros.
Acompanhado de seus ministros, parlamentares da sua base e do vice-presidente Hamilton Mourão – que raramente aparece em eventos deste tipo -, Bolsonaro insuflou o movimento contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). “Este ministro em específico do Supremo Tribunal Federal perdeu o direito de estar dentro daquele tribunal”, disse. Apesar de o presidente não ter dito qualquer nome, seus apoiadores mais próximos ao trio elétrico gritavam “Moraes na cadeia”.
Veja abaixo trechos do discurso de Bolsonaro gravados pela equipe do Congresso em Foco:
Bolsonaro também mandou recado ao presidente do Supremo, Luiz Fux. “Nós não podemos continuar a aceitar uma pessoa específica da região da Praça dos Três Poderes continue barbarizando nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse poder enquadra o seu, ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos, porque nós valorizamos, reconhecemos e sabemos o valor de cada poder da República.”
“Nós todos aqui na Praça dos Três Poderes juramos respeitar nossa Constituição e quem age fora dela se enquadra ou pede pra sair”, discursou.
Ao final, Bolsonaro disse que iria se encontrar, nesta quarta-feira (8), com o chamado “Conselho da República”, composto pelos presidentes dos três poderes, pelo vice-presidente da República, pelos líderes da minoria e da maioria no Senado e na Câmara e pelo ministro da Justiça. Não há reunião confirmada. “Amanhã estarei no Conselho da República juntamente com ministros para nós, juntamente com presidente da Câmara, Senado e do Supremo Tribunal Federal, com esta fotografia de vocês mostrar para onde nós todos devemos ir”, concluiu Bolsonaro.
Esta foi a primeira manifestação pública de Bolsonaro neste Sete de Setembro. O presidente viajará para São Paulo, onde, à tarde, deverá participar de ato em defesa de seu governo e a favor de intervenção militar na Avenida Paulista. Os manifestantes bolsonaristas adotaram como estratégia concentraram-se nas manifestações nessas duas cidades.
Veja trecho do discurso do presidente:
No Twitter, Alexandre de Moraes respondeu aos ataques do presidente Jair Bolsonaro e dos manifestantes: “Nesse Sete de Setembro, comemoramos nossa Independência, que garantiu nossa Liberdade e que somente se fortalece com absoluto respeito à Democracia”.
Dispersão ocorre sem incidentes
Os acontecimentos da véspera, quando caminhões e outros veículos romperam as barreiras de contenção na Esplanada dos Ministérios, apontavam para o risco de alguma situação violenta. No início da manhã, tais acontecimentos se repetiram quando a Polícia Militar teve que dispersar manifestantes que tentavam ultrapassar os gradis que protegiam os prédios da Praça dos Três Poderes com gás lacrimogênio e spray de pimenta.
Depois disso, porém, o restante da manifestação de apoio ao presidente Jair Bolsonaro e com bandeiras antidemocráticas como STF continuou sem maiores incidentes. Mesmo assim, grande parte dos manifestantes – três em cada quatro – não utilizavam nenhum tipo de máscara. Nem mesmo os policiais militares do Distrito Federal, aplaudidos frequentemente pelos manifestantes, usavam da proteção, obrigatória por lei distrital.
PM do DF faz revista seletiva sobre manifestantes pró-Bolsonaro
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