Momentos depois de ser confirmada pré-candidata do PT à Presidência da República, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou em discurso no 4° Congresso Nacional do partido, que pretende formar um governo de coalizão caso seja eleita em outubro. “Participo de um governo de coalizão. Eu quero formar um governo de coalizão”, disse Dilma, logo depois de afirmar que ser candidata à Presidência é o maior desafio da sua vida. “Eu jamais pensei que a vida me reservasse tamanho desafio. Mas me sinto absolutamente preparada para enfrentá-lo”, comentou.
Veja a íntegra do discurso
As frases de Dilma foram feitas não só na presença de petistas, mas de caciques do PMDB, partido que integra a coalizão de forças do governo Lula e que deve indicar o vice na chapa da petista. Ao lado da ministra estava o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), cotado para ser seu vice. Também presentes ao congresso do PT, estavam o líder do PMDB na Casa, Henrique Eduardo Alves, e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Ao final do discurso, Dilma elogiou a participação dos caciques. “Foi boa a presença deles aqui. É preciso uma base coesa em cima de um só programa de governo. Não é desejável o governo de um só partido”, disse ela, segundo a Agência Brasil. Dilma negou dificuldades em convencer os líderes do PMDB a participarem do evento.
No começo de seu discurso, preparado por assessores e pelo marqueteiro João Santana, Dilma lembrou que nasceu e passou a infância em Minas Gerais. Depois, que se mudou na adolescência para o Rio Grande do Sul. Definiu-se como uma gaúcha de Minas Gerais. E, para reforçar essa imagem, citou um poeta de cada estado, o mineiro Carlos Drummond de Andrade – “teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança” – e o gaúcho Mário Quintana – “todos estes que aí estão, estão atravancando meu caminho, eles passarão. Eu, passarinho”.
Em vários momentos de seu discurso, Dilma citou o que apontou como conquistas do governo Lula. Lembrou da situação econômica, dos programas sociais, das obras e dos investimentos em infraestrutura. Mencionou o controle da inflação, a diminuição das vulnerabilidades externas e da dívida externa. “O Brasil não mais se curva aos poderosos. Defende seus interesses. Como dizia minhã mãe, se dá o respeito”, discursou. “Criamos 12 milhões de empregos formais, o salário mínimo real cresceu como nunca, a renda melhorou”, completou, dizendo que quer “27 locomotivas puxando o trem do Brasil” ao se referir aos estados brasileiros. “Vamos fazer dessa campanha um debate voltado para o futuro. Nós somos aqueles que temos que apresentar.”
A maior parte do discurso de Dilma foi sóbrio, focado no social e nos avanços dos programas do governo Lula. O momento que causou uma resposta mais animada dos cerca de 2 mil pessoas que compareceram ao Congresso do PT foi quando ela disse que prefere ouvir as reclamações da oposição ao silêncio da ditadura. “Nós preferimos às vozes oposicionistas, mesmo que mentirosas, ao silêncio das ditaduras”, afirmou. Neste momento, ela foi aplaudida de pé e ouviu os delegados do Congresso Nacional do PT usarem um velho grito de guerra usado nas outras campanhas do presidente Lula: “Olê olê olê olá, Dilma Dilma”. Ao retomar o discurso, lembrou de uma citação do próprio presidente. Para ela, a democracia não é a consolição do silêncio, mas sim múltiplas vozes discutindo e chegando a um consenso. “As instituições funcionam em nosso país”, disse.
Dilma também retrucou as acusações feitas pela oposição segundo as quais, desde que assumiu o governo, o PT tem aparelhado a máquina estatal. “Alguns ideólogos diziam que quase tudo seria resolvido pelo mercado. Aqui no Brasil o desastre só não foi maior pois os brasileiros resistiram. Impediram as privatizações integrais ou parciais da Caixa, Petrobras, Banco do Brasil e Furnas”, disse. A ministra da Casa Civil afirmou que o governo está contratando médicos, professores, diplomatas, policiais federais, servidores para segurança controle e fiscalização. “Escondem também que a recomposição do corpo de servidores está se fazendo por meio de concursos públicos. Vamos continuar valorizando o servidor público e o serviço público”, disse.
Na útima parte de seu discurso, Dilma projetou partes dos planos que o presidente Lula pretende tocar até 31 de dezembro e que ela, falando abertamente como candidata, diz que vai ampliar. Firmou compromisso com os delegados de melhorar o Sistema Único de Saúde (SUS) e as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), e ressaltou a importância dos programas de Saúde da Família e Brasil Sorridente.
Também disse que quer ampliar a rede de creches e das pré-escolas. “A educação será o meio de emancipação política e cultural do nosso povo. Vamos fazer banda larga gratuita para todos, computadores a professores, salas de aula informatizadas aos estudantes”, completou.
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