Renata Camargo
Em lançamento de sua pré-candidatura à Presidência da República, num evento no Rio de Janeiro neste domingo (16), a senadora licenciada Marina Silva (PV-AC), defendeu que não está “fazendo o jogo de ninguém”. Em discurso ácido, Marina afirmou que não quer embate nem com a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, nem com o pré-candidato do PSDB, José Serra, e que fará uma campanha “justa”.
“Dizem que estou fazendo o jogo do Serra. Eu não estou fazendo o jogo de ninguém. Eu estou fazendo o jogo, no presente, que o futuro precisa. Se não tivéssemos entrado no jogo, não teria gente posando diante de um parque eólico para se dizer ambientalista”, disse Marina, em crítica indireta à candidata do PT, que participou em setembro da inauguração de um parque eólico no Ceará.
Em seu discurso, Marina aproveitou para elogiar os dois lados. Defendeu o programa Bolsa Família, dando créditos ao presidente Lula, e o plano real, dando os reconhecimentos ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A pré-candidata disse que o Bolsa Família “não é um programa assistencialista como querem dizer”, e sim “um programa que tem contrapartida”. Em seguida, avaliou que, se hoje no país estão incluídos 25 milhões de pessoas que antes estavam na linha de pobreza, isso se deu em função do “ciclo virtuoso” trazido pelo plano real.
“O presidente Lula, graças à sua liderança e capacidade política, propõe o programa de transferência direta de renda. O presidente Fernando Henrique, que não era um gerentão, era um homem igualmente como Lula de visão, foi capaz de não ser um economista fazer o plano real. (…) Eu não falo isso para ganhar voto, falo isso para fazer justiça”, afirmou.
Lula “não pode tudo”
Marina, porém, não foi só elogios a Lula. Ela criticou a postura do presidente nas ações que levaram o PSB a impedir a candidatura à Presidência do deputado Ciro Gomes (CE). Na avaliação de Marina, um “líder tem que ter muita clareza de que não pode tudo” e esse líder não pode “sonhar pelas pessoas e decidir o destino das pessoas”.
“É muito fácil falar de valores, defender a democracia e quando se é confrontado com ela, na primeira oportunidade, a gente dá uma rasteira na democracia, totalmente incoerente como foi feita com Ciro Gomes. Interditaram a campanha e a candidatura do Ciro”, declarou. Quando tiraram o Ciro, tinha alguém sonhando pelo Ciro, tinha alguém decidindo pelo povo que poderia votar no Ciro. Isso nenhum líder pode fazer”, disse sem citar diretamente Lula.
A pré-candidata do PV afirmou ainda que nessa campanha quer aproveitar a oportunidade para ter com o povo e seus adversários “uma conversa sobre o Brasil que não resvale para o que não interessa”. Marina defendeu que os discursos não fiquem apenas no debate “que divide o Brasil” ou “de quem entrega o Brasil”.
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