Renata Camargo
Em sabatina realizada nesta quinta-feira (22) pela TV Record e o portal R7, a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, afirmou que considera “muito estranho” atribuir o vazamento dos dados do Imposto de Renda (IR) do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, a sua campanha. A candidata disse que espera mais investigações sobre o caso, para evitar o “jogo de pseudo-provas”.
“É muito estranho atribuir um vazamento da receita à minha campanha. Se isso estivesse claro, não estavam investigando. Não há provas disso, há ilações a esse respeito. Recentemente, a diretoria da Petrobras teve todos os dados fiscais vazados e nem por isso dissemos que foi a oposição. Vejo uma tentativa de utilizar isso contra mim no processo eleitoral, sem provas”, disse.
Os dados do imposto de renda de Eduardo Jorge foram incluídos em um dossiê, cuja responsabilidade o PSDB atribuiu a um grupo ligado à pré-campanha de Dilma Rousseff à Presidência. Na tarde de ontem (21), a Receita Federal confirmou a exoneração do cargo da analista tributária Antonia Aparecida Silva. Foi com a sua senha que foram acessados os dados do vice-presidente tucano. O que se investiga agora é se foi ela mesma quem vazou, e se há outros envolvidos no episódio.
Em quase uma hora e meia de perguntas e respostas, Dilma falou sobre diversos temas como coligações partidárias, programas sociais, política de juros, além de temas polêmicos como casamento gay e aborto. Na sabatina, a candidata do PT aproveitou para fazer críticas ao vice-candidato à Presidência do PSDB, deputado Índio da Costa (DEM-RJ), que afirmou que o PT tem ligações com a Farc e com o narcotráfico.
“Não acho muito qualificadas as atitudes dele. Mas posso afirmar que escolhi uma pessoa para ser vice que tem – pela experiência, pelo seu desempenho – todas as condições, se um dia eu me afastar do país, de assumir a presidência sem criar nenhum tipo de confusão”, disse Dilma.
Confira os principais trechos da sabatina:
Aumento do salário mínimo
“Não tem como eu falar em valores (…). O salário mínimo tem um critério de reajuste. Esse critério foi feito quando entramos no governo, quando o valor estava abaixo de 100 dólares. Nós provamos que podemos aumentar o salário mínimo e controlar a inflação”.
Alianças partidárias
“A gente tem um projeto de governo, eu sou do PT, mas não vou governar só com o PT (…). O projeto de governo é aberto para quem quiser nos apoiar, mas nos nossos termos. O que não podemos é ter uma posição dúbia a respeito do que nós queríamos”.
José Serra
“Ele tem sido, ao longo da vida pública, uma pessoa bem intencionada. Não o conheço bem”.
Serra dobrar o Bolsa Família
“Não estou dizendo que isso é impossível, estou dizendo que é impossível que ele faça isso. Há uma diferança entre dizer e fazer. Quando eles puderam mais, eles fizeram menos”.
Diferença de Dilma e Serra
“A diferença é que sou do lado de um projeto que é o projeto de transformação do Brasil em que o centro da transformação são os 190 milhões de brasileiros. Não vi no projeto dele, que foi ministro duas vezes do governo Fernando Henrique, nenhum processo de desenvolvimento com inclusão social”.
Mensalão do PT
“Acho lamentáveis as práticas incorretas que tenham acontecido naquilo que alguns chamavam de mensalão. Isso não é característica do PT”.
José Dirceu
“O Zé Dirceu, tenho grande respeito [por ele], mas não está no cerne do meu governo. Ele é militante do PT e terá sempre o seu lugar dentro do PT, e acatarei porque eu respeito o PT”, disse.
MST e invasões de terras
“Eu acho que o que tem sido responsável pela redução das invasões é a política do governo em relação à agricultura familiar. No meu governo, cada dia mais, as invasões diminuirão”.
Copa do Mundo
“Não existe no mundo projeto de investimento sem financiamento. Tem que dar financiamento, com critérios”.
Minha Casa, Minha Vida
“De 2011 a 2014, teremos mais três milhões de casas pelo programa. Minha Casa, Minha Vida é a volta da política de moradia no Brasil”.
Reforma política
“O PT e suas lideranças sempre quiseram fazer a reforma. Eu vou teimar para fazer a reforma política”.
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