Robôs foram responsáveis por impulsionar um em quatro tuítes com a hashtag #MarketeirosDoJair durante a tarde de ontem (18), quando o assunto mais falado do dia era a repercussão da reportagem da Folha de S.Paulo de que empresas compraram pacotes para impulsionar conteúdo contra o PT. No mesmo período, 7,5% dos tuítes com o termo #Caixa2doBolsonaro foram impulsionados por bots, como são chamados os robôs de internet.
Os dados foram coletados pela Trending Botics, ferramenta desenvolvida pelo Congresso em Foco em parceria com a FCB Brasil para identificar a presença de possíveis bots no Twitter.
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As hashtags #MarketeirosDoJair e #Caixa2doBolsonaro estavam em os assuntos mais falados do Twitter ontem depois que a Folha publicou que empresários pagaram para impulsionar conteúdo negativo sobre o PT no aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp. De acordo com a reportagem do jornal, os contratos podem chegar a R$ 12 milhões e um dos envolvidos no esquema é o dono da Havan, Leonardo Hang, que faz campanha a favor do candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL). A prática constitui crime eleitoral, uma vez que a doação de campanha por empresas foi proibida pela Justiça.
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Após a publicação, surgiu a hashtag #Caixa2doBolsonaro, que ficou no topo dos assuntos mais falados do Twitter durante todo o dia. Das publicações com esse conteúdo, a ferramenta identificou que 7,5% dos tuítes foram impulsionados por bots.
Em resposta, apoiadores de Bolsonaro criaram a tag #MarketeirosDoJair, em favor do candidato do PSL para dizer que o marketing que ele gera é espontâneo, logo, não precisaria de conteúdo impulsionado. O levantamento do Trending Botics, contudo, mostra que 24% dos tuítes com essa hashtag foram impulsionados por prováveis robôs.
PublicidadeHoje (19), um dia após a revelação da Folha, as hashtags #CassaçãoDoBolsonaro e #FolhaFakeNews estavam entre os assuntos mais falados do Twitter. Entre as 11h e 15h desta sexta-feira, 19% dos tuítes com #FolhaFakeNews vieram de prováveis bots enquanto 8,65% dos tuítes com #CassaçãoDoBolsonaro foram impulsionados por possíveis robôs.
Entenda a ferramenta
O Trending Botics se baseia no Botometer, um algoritmo de machine learning concebido para classificar uma conta como “humana” ou “robô” por meio do cruzamento dezenas de milhares de parâmetros e definições.
Esse algoritmo é aberto ao público e foi desenvolvido pela Indiana University Network Science Institute (Iuni) e pelo Center for Complex Networks and Systems Research (CNetS). A plataforma também faz uso das APIs de streaming do Twitter, responsáveis por mandar para a nossa base de dados todos os tuítes que incluem os termos registrados. A partir daí, utilizamos o Botometer para ver quais usuários são prováveis bots, registrando-os bem como seus tuítes em um outro banco de dados, que também alimenta a nossa plataforma.
A ferramenta monitora a atividade dos bots envolvendo os candidatos a presidente. Por meio de uma plataforma online, os usuários podem acompanhar e comparar diariamente os temas políticos mais compartilhados por esses robôs, que fazem com que determinados assuntos alcancem um número cada vez maior de pessoas e ganhem relevância.
Em nota, o Twitter afirma que trabalha “globalmente e em escala para detectar e combater proativamente spam e contas automatizadas mal-intencionadas” e também para impedir que conteúdo dessa natureza influencie o debate na plataforma.
Segundo a assessoria da rede social, estudos feitos por terceiros sobre a utilização de contas externas costumam se basear em informações externas limitadas para determinar se uma conta é automação indevida ou não. “O Twitter esclarece que não teve acesso aos perfis apontados pelo levantamento como possíveis contas automatizadas e, por isso, não tem condições de dar sua visão sobre os resultados”, diz o Twitter.