Pesquisa do Painel do Poder indica que os líderes do Congresso têm uma avaliação diferente quanto ao papel do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento da pandemia, em relação aos dados divulgados pelo Datafolha nesse sábado (15). Se 47% da população, segundo o instituto, acreditam que o presidente não tem qualquer responsabilidade pelos mais de 100 mil mortos, a esmagadora maioria dos líderes considera que a Presidência da República e o Ministério da Saúde fazem a pior gestão da crise entre as instituições.
A Câmara e o Senado foram indicados pelos parlamentares ouvidos pelo Painel como as que têm tido melhor desempenho. Apenas 4,25% dos líderes ouvidos apontaram a Presidência da República como a instituição que melhor tem atuado no enfrentamento da covid-19. O Ministério da Saúde recebeu 2% das menções dos deputados e não foi mencionado por nenhum dos líderes do Senado.
Produzido com metodologia científica, o Painel do Poder é uma ferramenta de pesquisa do Congresso em Foco com grande potencial estratégico para quem deseja desenhar cenários políticos e econômicos de curto, médio e longo prazo.
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O Congresso foi responsável por várias mudanças em propostas do governo de socorro a pessoas de baixa renda e preservação de empregos durante a pandemia. No caso do auxílio emergencial, por exemplo, o Executivo anunciou inicialmente um valor mensal de R$ 200. Bolsonaro só anunciou os R$ 600 depois de os parlamentares baterem o pé de que o auxílio deveria ser de R$ 500.
Governos estaduais e municipais também tiveram índice de aprovação baixo. Apenas 5,6% dos entrevistados apontaram governadores e prefeitos como responsáveis pela melhor gestão da pandemia.
A saúde é a área que tem as piores expectativas entre os líderes pelos próximos 12 meses. Para 42,3% deles a situação na saúde vai piorar nesse período. Já a educação, embalada pela saída do ex-ministro Abraham Weintraub, deve melhorar para 53,5% dos entrevistados.
Nesta edição foram ouvidos 71 líderes de bancada, presidentes de comissões, integrantes de mesas diretoras e parlamentares formadores de opinião entre os dias 13 e 18 de julho a respeito de temas legislativos, perspectiva política e análise da atuação do governo e de autoridades. A pesquisa leva em conta a proporção entre integrantes da base governista e da oposição e parlamentares que se autodeclaram independentes, além da distribuição regional entre eles.
De acordo com a pesquisa Datafolha divulgada nesse sábado (15), 41% dos entrevistados veem Bolsonaro como um dos culpados pela tragédia, mas não o principal. Já 11% acham que o presidente é o principal responsável. Outros 2% não souberam responder.
Conforme mostrou o Congresso em Foco ao longo da última semana, os líderes só aprovam a gestão do Executivo em três de 15 áreas: agricultura e pecuária (com 65,3), infraestrutura (60,9) e defesa nacional (53,4). Esses foram os únicos segmentos que superaram a marca dos 50 pontos, em escala de 0 a 100. Na outra ponta, as áreas com pior avaliação foram o meio ambiente (34) e a educação (29,9).
Sem ministro titular há três meses, a área da saúde recebeu dos líderes nota média de 41,1, ficando apenas na oitava colocação entre os 15 itens avaliados.
Na comparação com a rodada anterior do painel, realizada em março, dias antes de a pandemia chegar ao Brasil, a saúde foi o segmento que registrou maior queda na aprovação (-9,7). Em março, o Ministério da Saúde era comandado por Luiz Henrique Mandetta.
O combate à corrupção (-6,8), o relacionamento com o Judiciário (-3,2) e o meio ambiente (-2,4) completam a lista das áreas que tiveram piora mais acentuada na avaliação. Por outro lado, a relação com o Congresso, depois da aliança do governo com o Centrão, melhorou, conforme mostra o gráfico abaixo.
Entre os ministros, os melhores, no entendimento dos líderes, são a da Agricultura, Tereza Cristina (com 3,7), o da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas (3,6), e o Desenvolvimento, Rogério Marinho (3,3). A pontuação vai de 0 a 5. Ricardo Salles, do Meio Ambiente, e Ernesto Araújo, das Relações Exteriores são os piores.
O Painel do Poder também aponta estabilidade na avaliação do presidente Jair Bolsonaro na comparação com a pesquisa feita na véspera da pandemia. Em escala de um a cinco, a nota atribuída por líderes ao presidente oscilou 0,2 para cima, ficando em 2,6. É a melhor avaliação nas cinco ondas de pesquisa realizadas desde o início do mandato de Bolsonaro.
A nova edição do Painel do Poder traz um aprimoramento da metodologia para cálculo do Índice de Avaliação de Governo (IAG), que mede o conceito do governo federal entre os líderes. Ele foi refeito pela empresa de pesquisas Demodata, parceira do Congresso em Foco no projeto, com o objetivo de tornar o indicador mais claro e efetivo. Para calcular o IAG, são consideradas as expectativas reveladas pelas lideranças em relação às diversas áreas de atuação governamental examinadas e a avaliação do desempenho do presidente da República e dos ministros responsáveis por cada uma dessas áreas.
O Painel é uma ferramenta exclusiva e pioneira no Brasil para estudos legislativos, que usa a técnica de pesquisa por painel. Contempla investigações tanto quantitativas como qualitativas, tomando por base uma amostra de líderes.
A pesquisa antecipou em março de 2019, com grande antecedência, o que terminou ocorrendo com a reforma da Previdência: grandes chances de aprovação, ressalvados os pontos que afinal foram retirados do texto enviado pelo Palácio do Planalto. Também indicou que não havia clima para a aprovação de Eduardo Bolsonaro para o posto de embaixador do Brasil nos Estados Unidos (ele desistiu da disputa por falta de apoio) e a exclusão de pontos do chamado pacote anticrime.
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