*Renata Abreu
Por onde a gente olha há problemas graves a serem resolvidos em nosso país. Educação, economia, saúde, habitação, saneamento básico, desigualdade social, governabilidade… Não vou ficar aqui elencando as áreas e os segmentos que estão de cabeça pra baixo, nem insistir na tecla que a solução depende, e muito, de empenho, perseverança, diálogo e união, porque isso todo mundo está cansado de saber. Sem envolvimento e sem arregaçar as mangas, não sairemos do lugar. Mas, nem tudo é caos. Tem uma coisa muito boa acontecendo em nosso país.
Somos referência mundial em aleitamento materno. É isso mesmo. Aqui, 41% das mães alimentam seus filhos exclusivamente com leite materno pelo menos até os seis primeiros meses de vida, o que coloca o Brasil à frente de Estados Unidos, Reino Unido e China. O índice é um pouco maior que os 40% praticados no mundo, embora ambos ainda abaixo da meta global estipulada em 50% pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas mostra que estamos no caminho certo e podemos avançar mais. Só precisamos de mais peitos!
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Pode parecer exagero comemorar essa referência mundial, mas se observarmos a queda da mortalidade infantil em nosso país, temos a comprovação da relação direta com o leite materno. Em 1990, a taxa de mortalidade infantil chegava a assustadores 66 bebês em cada mil nascidos. No ano passado, a taxa caiu para 13 óbitos por mil nascidos. E isso merece aplausos. Segundo a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), a amamentação realizada pelo menos até os seis primeiros meses de vida pode evitar, por ano, a morte de 1,3 milhão de crianças de até 5 anos.
O leite materno tem tudo o que o bebê precisa, e nenhuma outra estratégia alcança o impacto que a amamentação tem na redução da mortalidade infantil, protegendo a criança contra muitas doenças e infecções. E o Brasil tem feito direitinho essa lição de casa. Tanto que somos também referência mundial em doação de leite materno. De acordo com a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), as mamães brasileiras foram responsáveis por aproximadamente 90% da coleta dos mais de 1 milhão de litros de leite doados no mundo nos últimos anos.
O Brasil possui a maior e mais complexa rede do planeta. São 225 Bancos de Leite Humano e 212 postos de coleta, além da coleta domiciliar em vários Estados, com 160 mil litros de leite materno distribuídos anualmente a recém-nascidos de baixo peso.
Amamentar é um ato de amor sem limites. Dou muita a importância a esse ato, por isso sou autora do Projeto de Lei 118/19 para que haja salas apropriadas para amamentação em órgãos e entidades públicas federais. O ideal é que todo local público tivesse o cantinho da amamentação, para que esse momento de sinergia e entrega, entre mãe e filho, fosse tranquilo, pleno e intenso.
Prolongue essa história de amor. Dê o peito, incentive outras mães a amamentarem e vamos manter no Brasil a medalha de ouro de país referência mundial em aleitamento materno.
*Renata Abreu é presidente nacional do Podemos, deputada federal por São Paulo e está amamentando o caçula José, de quatro meses.
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