Jota Darques *
Mais uma vez. Em uma república de bananas, novamente o Judiciário precisa agir para proteger o direito do povo à democracia.
Direito que vai, cabe lembrar, do sangue de jovens, estudantes, artistas, que morreram ou foram expatriados, tentando avisar que o Brasil era nosso, não deles.
Que, mesmo “malandros”, sem estudo, mortos de fome, muitos trazidos à força, por uma história de escravidão, continuávamos sábios, como éramos na Mãe África.
Novamente, o único poder que não devia legislar ou governar precisa fazê-lo, para que se garanta o direito de se existir livremente no país.
Pessoas corajosas e competentes, segurando a barra mais uma vez no Brasil.
O único poder não eleito pelo povo.
Mas que remete à educação e ao mérito.
Pessoas com história de luta e decisão, conhecimento e formação. Corpos idosos e frágeis, seguram o peso de uma nação – que de nada entende sobre o seu papel e função – e que berra, aos gritos ousados e silêncios tenebrosos, o fim do STF.
Esses mesmos que arriscam o pescoço, diariamente, para garantir a democracia.
Enquanto isso, legisladores se sentam em projeto e cedem aos pesos das pressões de serem reeleitos e de se manterem no poder. Poder que sequer pode vir a existir, se não houver democracia.
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Assistem a tudo parados. Medrosos de que percam suas bases investidoras e os benefícios de empresas nas próximas eleições.
Nesse momento só me remeto a Beth carvalho, que cantava com Mercedes Sosa:
“Eu só peço a Deus
Que a injustiça não me seja indiferente
Pois não posso dar a outra face
Se já fui machucado brutalmente
Eu só peço a Deus
Que a guerra não me seja indiferente
É um monstro grande e pisa forte
Toda a pobre inocência dessa gente
É um monstro grande e pisa forte
Toda a pobre inocência dessa gente
Eu só peço a Deus
Que a mentira não me seja indiferente
Se um só traidor tem mais poder que um povo
Que este povo não esqueça facilmente
Eu só peço a Deus
Que o futuro não me seja indiferente
Sem ter que fugir desenganado
Pra viver numa cultura diferente”
A história já foi escrita uma vez, e nos chama a repensar e reavaliar tudo.
E no fundo da história mora a educação, que por muitos e desvalorizada, mas que enfim fez a diferença. Os ministros, em si, símbolos juristas do fruto de um poder formado e baseado na educação (e ainda no concurso público), entram para a história, não por exercerem seu papel, mas por entenderem que a democracia é fluida e pode exigir mais de você, qualquer seja sua posição.
Reflita, quando quem governa não governa para o povo, quando quem legisla não se preocupa em legislar para o povo, a quem nós iremos recorrer?
Novas imagens de “salvadores da pátria”?
Quem será esse novo Estadista a pensar no país?
Por enquanto sobram juízes, jornalistas e artistas tentando salvar o país.
Enfim, mais um 7 de setembro em que lutamos por Independência.
Acorda, Brasil.
* Jota Darques é médico em Brasília e analista político.
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