Jean Paul Prates *
Neste domingo, 12 de setembro, completa-se um ano e meio do reconhecimento, pela Organização Mundial de Saúde, da pandemia do coronavírus. São 18 meses de perdas, incertezas, desassossego e desesperança. Tem sido assim no mundo inteiro e lideranças e governantes de todos os cantos da terra têm sido desafiados a tomar medidas que preservem a vida, a saúde e o mínimo de bem-estar de seus povos.
Mundo afora, vemos exemplos melhores e outros nem tanto. Mas é difícil apontar um governante que tenha sabotado seu país e seu povo na intensidade alcançada por Jair Bolsonaro.
Exatamente no momento em que o Brasil mais precisa de um governo que promova um mínimo de estabilidade, demos o azar — conjurado pelo ódio às políticas inclusivas dos governos petistas — de ter um Bolsonaro na Presidência da República.
No início desses 18 meses de pandemia, o comportamento tresloucado do homem que ocupa o Planalto era atribuído à falta de empatia e de maturidade — um ser pouco evoluído que havia decidido disputar uma queda de braço com um vírus para ver quem trazia mais infelicidade a uma população indefesa.
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Hoje, já sabemos que não era só isso. A cada camada de lodo escavada nas investigações da CPI da Covid, o País constata que foram o velho dinheiro e a velha corrupção que traçaram o script adotado para lidar com a maior crise sanitária da nossa história.
Mas a história consegue ficar ainda pior.
Não basta vender 585 mil vidas por 30 dinheiros. Não basta represar políticas compensatórias para minorar a fome dos desempregados da pandemia. É precisa submeter todo um país à trepidação política para tentar intimidar os Poderes que podem dar um freio nos desmandos. E lá vamos nós, rolando mais alguns metros do abismo. A mais recente crise institucional criada por Bolsonaro e seus aliados foi mais um tiro na nossa já claudicante economia.
Na última quarta-feira (8), após o discurso irresponsável de Bolsonaro atacando o Congresso e o Judiciário no 7 de Setembro, a Bolsa despencou e os juros futuros e o dólar subiram. Após a cartinha de desculpas engendrada por Michel Temer, essas tendências foram revertidas. Mas há como tranquilizar investidores quando Bolsonaro, o rei do ócio e da verborragia, só se mexe para gerar instabilidade e insegurança jurídica?
Assim como os democratas não se enganam com o recuo, o mercado também não é bobo. Se a “marcha sobre as instituições” planejada para o 7 de Setembro falhou, o comandante da bufonaria ainda usa a faixa presidencial. Já passou da hora de mudarmos o tom da nossa resistência aos retrocessos deste governo. Nossa articulação, de agora em diante, deve ser direcionada para fazer avançar os mais de 100 processos de impeachment contra Bolsonaro. Sou signatário de algumas dessas peças e tenho convicção de que nelas está demonstrado todo um cardápio de crimes de responsabilidade, suficientes para livrar o Brasil de um erro que já nos custa caro demais.
Está nas mãos do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, a decisão sobre abrir um processo de impeachment contra o Presidente da República. Essa é a única saída para frear o redemoinho de autoritarismo e boçalidade que está tragando nosso País.
O Brasil é um país muito maior do que o que temos visto nos últimos três anos de Bolsonaro e nesses 18 meses de pandemia. Somos um país de todos e todas, e não de uma turma que se intitula patriota e que só quer saquear nossas riquezas deixando nosso povo cada dia mais pobre e sem esperanças.
*Jean Paul Prates é senador da República pelo Rio Grande do Norte e líder da Minoria na Casa
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