No sábado, 07 de maio, o ex-presidente Lula (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) lançaram sua chapa para as eleições de 2022. O evento não conseguiu atingir nem sequer a vibração da campanha de 2018, quando Lula ainda estava preso, de tão nítido que ficou o mal-estar. Nem mesmo a música utilizada é inédita, sendo praticamente um recorte de um jingle anterior. Pequenos sinais do que um eventual governo Lula-Alckmin será de fato para o Brasil: um governo conservador (apegado ao passado, que foi o período Lula-Dilma-Temer), sem projeto (a não ser o da perpetuação do poder), com a mesma política econômica atual (enfeitada com artifícios econômicos de curto prazo) e um populismo exacerbado (atrelado à falta de responsabilidade fiscal). Tudo isso sem esquecer de mencionar, é claro, o velho tráfico de influência e a estranha relação com o STF, que deu a Lula garantia, antes mesmo de sua prisão, de que ele seria solto.
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Alckmin e Lula não trazem nada de novo para a política brasileira, pelo contrário, afinal todos sabem que lula e chuchu não são uma boa combinação. Destarte, é com pesar que observo as inúmeras celebridades insistindo para que os jovens tirem seus títulos de eleitor para votarem em 2022. Quiçá essa será a eleição mais triste da nossa história, pois se considerarmos os dois principais candidatos à frente nas pesquisas eleitorais, em ambos os casos teremos governos decepcionantes, verdadeiros engodos que não condizem com a necessidade real do nosso povo e que certamente desestimularão toda uma geração de jovens em relação à política nacional e ao debate sério das questões do Brasil.
Bolsonaro (PL) ameaçou, mas foi Lula quem conseguiu desarticular a esquerda no Brasil. Ao arrebanhar por interesse puramente eleitoreiro setores mais jovens e “revolucionários” (por assim dizer) da esquerda, Lula arranca do solo mudas daquilo que ainda poderia estar por vir na política nacional. Temos hoje uma esquerda basicamente acrítica, sem identidade, sem memória, sem projeto e que dificilmente se recuperará após uma campanha Lula-Alckmin. Salvo apenas, vale pontuar, Ciro Gomes (PDT) e sua turma boa (como se intitulam seus apoiadores). Enquanto isso a direita brasileira tenta trilhar um caminho para além de Bolsonaro, o que provavelmente também não conseguirão por ora, devido à polarização e também pelo fato de ainda não ser possível diferenciar partidos liberais de conservadores, tornando a direita um tanto quanto amorfa. Novos partidos, tanto à esquerda quanto à direita, precisarão ser construídos para que esses campos ideológicos se reconfigurem no contexto nacional, o que evidencia ainda mais a importância de uma reforma política no Brasil – e quem sabe o fim da reeleição.
Não é à toa que Lula e Jair Bolsonaro insistem em alimentar um ao outro, pois precisam da polarização para sobreviver. Heróis não são necessários quando não há vilões em uma história. Escolher entre um dos dois é perpetuar e, possivelmente, radicalizar o extremismo em nosso país. Caro leitor e cara leitora, sei que é muito difícil para nós que vivemos em uma sociedade imediatista pensarmos a longo prazo, mas é preciso entendermos que nosso voto não define apenas o próximo presidente, mas todo o cenário político-econômico e o rumo do nosso país pelas próximas décadas.
Por fim, haverá ainda muitos acontecimentos até o dia de digitarmos esse ou aquele número na urna e apertarmos o botão de confirma, fora as pretensões e possíveis ações antidemocráticas das Forças Armadas e seu comandante supremo após o pleito. É triste dizer, mas ao que tudo indica será eleito o candidato que falar mais mentiras e besteiras, o que explica Lula e Bolsonaro estarem empatados. Todavia, quem sabe nosso povo ao se deparar com todo tipo de hipocrisia e aberração política em 2022, passe a se questionar se são esses os dois caminhos mais salutares ao futuro do nosso Brasil e quem sabe, se isso ocorrer, possamos ter um pouco de esperança.
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