Por Jean Paul Prates*
“Não sigam nenhuma ordem imbecil do presidente da República. Usem máscaras”!
Uma situação-limite dispensa muito palavrório. O alerta curto e certeiro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já é suficiente para encerrar mais uma tentativa de Bolsonaro de “polemizar”, criar cortinas de fumaça e fazer o País perder seu tempo e a paciência com o inesgotável repertório de sandices do atual chefe de Estado.
É cada dia mais difícil encontrar alguém no Brasil — à exceção dos integrantes da minguante claque bolsonarista — que não esteja farto do péssimo script adotado pelo homem alçado ao governo do Brasil por um surto de hidrofobia política.
Uma coisa é preciso reconhecer: o homem é eclético. Seu acervo de demências abarca todas as áreas. Da política à economia, da (falta de) ética à medicina, das artes à ecologia, não há um tema sequer sobre o qual Bolsonaro ainda não tenha proferido um retumbante disparate.
Já está todo mundo enfastiado de saber que esses saracoteios verbais são calculados. Ainda mais com as revelações da CPI da Covid encurralando cada vez mais o irresponsável que nos governa.
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É preciso reconhecer, porém, que o roteirista encarregado de criar as falas desvairadas de Bolsonaro encontrou o intérprete perfeito para a figura do governante desatinado. Um talento histriônico que deixa O Grande Ditador de Chaplin no chinelo — o problema, para nosso horror, é que não estamos em uma sala de cinema, mas na vida real.
O novo capítulo aberrante é o anúncio de um tal “parecer” para desobrigar o uso de máscaras em quem já recebeu a vacina contra a Covid-19 ou contraiu a doença. Mais uma aposta na contaminação e na morte.
Fui relator do projeto de lei que estabeleceu a obrigatoriedade das máscaras durante a pandemia. Na ocasião, Bolsonaro se pronunciou contra a ciência e vetou a proposta, cabendo ao Congresso Nacional derrubar o veto e assegurar a medida de proteção a todos nós.
Eu duvido que ele não saiba que estar vacinado ou recuperado da Covid não livra ninguém de ser portador do vírus e, portanto, um transmissor da doença.
Mas, claro, o presidente da República, prefere persistir no comportamento cada vez mais perigoso para o Brasil e para o mundo. Bolsonaro luta contra o fim da pandemia, insensível ao luto de um país às portas do meio milhão de mortos.
Bolsonaro só não brinca em serviço quando se trata de proteger a si próprio e à família da investigação e punição pelos crimes que cometem.
Mas o Brasil tem memória, Bolsonaro. Você vai pagar é dobrado cada lágrima rolada nesse nosso penar.
Até lá, ouçamos Lula, desprezemos as ordens imbecis do atual presidente e sobrevivamos para reconstruir e desfrutar do País que voltaremos a ser.
*Jean Paul Prates é senador da República pelo Rio Grande do Norte e líder da Minoria na Casa
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