Enquanto o “bíblico” escândalo de corrupção no Ministério da Educação e seus pastores tomam a conta dos noticiários com suas vendas de bíblias e quilos de ouro (para fazer um bezerro?), muitos se perguntam: onde estão as operações faraônicas contra a corrupção?
Infelizmente Deltan Dallagnol, Sergio Moro e a lava jato foram os patronos da destruição do combate contra a corrupção. Não foi o centrão, Renan Calheiros, Bolsonaro, STF, PT ou afins.
Quando a gangue de Curitiba, que repetidas vezes transformou o sistema de justiça no próprio quintal, trabalhou para sequestrar e privatizar uma parte do Estado brasileiro e agir como bem entendessem. Fizeram com que boa parte da opinião pública e até mesmo administradores públicos, fiassem receosos com om combate à corrupção.
A lava jato promoveu distribuição de panfleto em praça de pedágio, outdoors, vultuosos valores recebidos em palestras, diárias indevidas, auxílios moradia também indevidos e rios de dinheiro público usados para pavimentar uma futura carreira política de alguns. Uma verdadeira esculhambação do Estado brasileiro.
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Sem falar dos seguidos vazamentos convenientes em pleno ano eleitoral, além do linchamento contra a política, a Constituição e ao Estado Democrático de direito (agressões que apontei e listei em repedidos artigos nesta coluna).
A pá de cal no moralismo destes moralistas está para chegar com as eleições de deste ano. Vale lembrar as mensagens da vaza jato reveladas em 2019 pelo Intercept Brasil e parceiros:
Em 2016, durante uma conversa com o procurador Vladmir Aras, Deltan Dallagnol avaliou que o MPF deveria lançar um candidato por Estado.
Uma estridente atuação partidária que agride a Constituição Federal assim como tantas outras ações da gangue de Curitiba.
E vejam só quem está “assombrando” as urnas de 2022: Sergio Moro, Deltan e até mesmo Rodrigo Janot, o procurador etílico que se entusiasmava com a destruição da política e da institucionalidade.
Outra coisa que já apontei repetidas vezes é que a lava jato foi quem banalizou as agressões contra o Supremo Tribunal Eleitoral e instrumentalizou o discurso para agitar e alvoroçar as massas contra a nossa corte Constitucional. Se há quem critique as escaramuças de Jair Bolsonaro contra o STF, deveria fazê-lo sem esquecer quem tornou isso banal.
Usar o Estado brasileiro e a sua estrutura para fins privados não é corrupção?! O que é usar o sistema de justiça, perverter o processo penal e tentar “invalidar” a Constituição, se não corrupção?
Não é de hoje que eu alerto! Não há montanha de dinheiro desviado ou hospital superfaturado que seja mais avassalador do que a corrupção da justiça. Afinal de contas, é o devido processo legal que nos separa da mais absoluta barbárie e autoritarismo.
Todos os candidatos do partido lavajatista (fundado em 2014) vão certamente usar as suas passagens pela operação como mote eleitoral para angariar votos. Em 2015 eu já apontava que a força-tarefa era um partido sem legenda, inclusive com agenda e plano de governo (quem lembra das escabrosas e autoritárias 10 medidas contra a corrupção?).
Se antes políticos enrolados em escândalos já alegavam perseguição política para invalidar as denúncias, com o escândalo da lava jato, isso ganha uma outra dimensão. E uma dúvida também irá sempre nos assombrar: como garantir que as próximas operações não serão perversas como a lava jato? Como garantir que o próximo procurador ou juiz de plantão não está apenas pavimentando a sua própria carreira política? Ou o próprio saldo bancário buscando uma contratação em uma Alvares & Marsal da vida?
Então sim, a lava jato não só destruiu como também desmoralizou o combate contra a corrupção!
E o marco disso está na tal vaquinha para Deltan Dallagnol, condenado pelo Power Point delinquente, foi multado em R$ 70 mil e alega ter recebido de forma espontânea, mais de R$ 500 mil.
Em tempos de pastores, bíblias e verbas, Deltan foi alvo de um verdadeiro “milagre”. Segundo ele, alguém pegou o CPF dele na internet e começaram a fazer doações.
A história toda tem cara de fanfic, cheiro de fanfic, escrita de fanfic e criatividade de fanfic. Será que é fanfic? Eu tenho minhas dúvidas de que seja de fato um relato, tenho minhas suspeitas de que na verdade seja um pedido!
E por qual motivo Deltan precisaria de uma vaquinha? Não foi ele que ganhou tanto dinheiro fazendo palestras (enquanto ainda era procurador) que pensou em usar a esposa como laranja em uma empresa para receber ainda mais dinheiro?
E mais! Para pagar quase R$ 4 milhões em dois apartamentos em condomínio de luxo, com salário de procurador (R$ 30mil), não faltou dinheiro para o Deltan. Agora, para pagar os R$ 70 mil do Lula, precisa de vaquinha.
Multa que só será paga após o trânsito em julgado! O que é um pouco contrastante com a defesa intransigente de Deltan pela execução de sentenças em segunda instância que rendeu críticas e perseguições contra qualquer um que defendesse o Estado Democrático de Direito.
Onde está Moro, que esses dias reclamou que Bolsonaro “não fez nada” para rever prisão após segunda instância, defendendo que seu amigo pague agora a multa?
É o verdadeiro melô do autoritário: todo o rigor da lei sempre… Para os outros!
Na semana passada eu pontuei em artigo: o nosso problema não está na fraqueza das instituições, mas sim no excesso de força sem qualquer controle.
E Moro, o paquito do ESG e compliance, até agora não explicou a sua relação com a Alvarez & Marsal, tampouco o que fez durante a sua passagem, os clientes com quem atuou e nem tornou público os termos dos dois contratos assinados com a empresa.
Moro foi trabalhar justamente numa empresa que ganhou milhões com as empresas condenadas por ele na lava jato e não prestou qualquer conta para sociedade e ao Estado brasileiro! Deu de ombros para qualquer senso de transparência e segue em pleno vapor com a sua moribunda campanha eleitoral como se não tivesse que dizer nada para a sociedade.
O que garante que Moro, enquanto juiz, não usou a toga para gerar demanda para um ramo onde foi trabalhar anos depois? O que garante que Moro não faria o mesmo enquanto presidente?
Não estou afirmando que Moro fez isso, mas sem prestar esclarecimentos, fica difícil não desconfiar da índole do ex-juiz.
Vejam quem são as pessoas que disseram que iriam acabar com a corrupção no país! As pessoas que buscavam moralizar a República! Privatizaram parte do Estado! Privatizaram instituições!
Isso não é moral, isso não é ético, isso não é correto.
Repito a pergunta que ando fazendo nos últimos dias:
O que o Brasil fará para controlar e fiscalizar as suas instituições e seus membros? Quem irá vigiar os vigilantes?!
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