Dia desses ganhei um livro sobre coincidências, fruto de um notável trabalho do pesquisador Amir Mattos. Cito, a seguir, algumas das mais curiosas que encontrei na deliciosa leitura daquela obra.
Dois irmãos portugueses morreram em 1974 e 1975 pilotando motocicletas. Nos dois acidentes, o veículo envolvido era o mesmo táxi, dirigido pelo mesmo motorista, no mesmo horário e no mesmo local. E o mais incrível: o táxi transportava o mesmo passageiro.
Dois gêmeos australianos, Arthur e John Mowforth, morreram a 130 quilômetros de distância um do outro, mas na mesma data – 22 de maio de 1975 -, na mesma hora e com o mesmo problema: um colapso.
Em 1987, no dia da comemoração dos mortos em ação dos EUA, um marinheiro em seu barco levantou as mãos para o céu e disse: “aqui estou”. Um raio fulminou-o. Seu nome: Grave (cova, em inglês).
Em 1935, o navio Titanian navegava nas mesmas águas nas quais afundou o Titanic quando um marinheiro a bordo, lembrando-se das coincidências, num gesto intuitivo, interrompeu o curso do navio a poucos metros de distância de um iceberg. O marujo nasceu no dia 14 de abril de 1912, exatamente quando ocorreu o acidente do Titanic.
Um oficial inglês, major Summerford, lutava nos campos da Holanda em fevereiro de 1918 quando foi atingido por um raio, ficando paralisado do lado direito. Morreu dois anos depois, ao ser atingido também por um raio. E, vinte anos depois, um raio caiu no cemitério da cidade, atingindo apenas uma sepultura: a do major.
Um romance inacabado de Edgar Allan Poe, a “Narrativa de Arthur Gordon Pym”, publicado em 1937, falava de quatro náufragos que, num pequeno barco salva-vidas, decidiram tirar a sorte para saber quem seria canibalizado pelos outros três. O marinheiro “sorteado”, chamado Charles Parker, tirou o palito menor. Quarenta anos depois, aconteceu um naufrágio real, com também quatro sobreviventes. O mesmo tipo de sorteio ocorreu, e um marinheiro também foi devorado pelos sobreviventes. Seu nome: Charles Parker.
No dia 5 de dezembro de 1664 um navio afundou no Estreito Menai, com 81 passageiros. Houve apenas um sobrevivente: um homem chamado Hugh Williams. Em 5 de dezembro de 1785, na mesma região, outro navio afundou com 60 passageiros e houve um único sobrevivente: um homem chamado Hugh Williams. E em 5 de dezembro de 1825, no mesmo local, ocorreu outro acidente com mais um navio com 25 passageiros, tendo havido apenas um sobrevivente: um homem chamado Hugh Williams.
Depois de ler este livro, futuquei meus arquivos e descobri outros casos. Cito dois deles: dois gêmeos de 70 anos morreram em dois acidentes de trânsito, com duas horas de diferença um do outro. Ambos foram atropelados por caminhões quando atravessavam de bicicleta o mesmo local de uma mesma rua de Helsinque, na Finlândia.
Sheila Wentorth decidiu visitar sua irmã Doris Jean, que morava em uma cidade próxima. Não a avisou porque queria fazer-lhe uma surpresa. Sua irmã teve a mesma ideia, e também não a avisou. Ambas foram para a estrada dirigindo jipes. E ambas bateram de frente, falecendo na hora – uma bateu no carro da outra.
Diante de todos estes casos, incríveis demais para a nossa pobre racionalidade, fiquei a pensar na exclamação de William Shakespeare: “há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia”. Pois é. Talvez, afinal, o que muitas vezes julgamos não existir seja o que há de mais verdadeiro!
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