A evolução histórica se assemelha ao movimento de uma montanha russa. Há momentos de calmaria e há momentos de turbulências, revoluções e inquietação geral. Quando a marcha da História se acelera, os minutos valem dias, os dias valem meses, os meses valem anos. Fatores objetivos e subjetivos se combinam e conferem teor explosivo à realidade.
Em toda a minha vida de militância, só me recordo de duas situações de tamanha instabilidade. O primeiro, no final do governo Figueiredo, quando setores radicais e reacionários testaram a incipiente abertura democrática, queimando bancas de jornal que vendiam a imprensa alternativa, explodindo bomba na sede da OAB e culminando com o felizmente frustrado atentado ao Riocentro. O segundo, na crise que resultou no afastamento do presidente Fernando Collor.
O quadro atual é marcado por uma erupção permanente de péssimas notícias. A crise econômica vai de uma inflação que ameaça sair do controle, passando por um crescimento raquítico e desequilíbrios externos e fiscais expressivos, e chegando ao naufrágio pela incompetência e corrupção de setores essenciais, como o do petróleo e da construção civil pesada. O rebaixamento da Petrobras para grau especulativo pela Moody´s é gravíssimo, embora nossa Presidente, em verdadeiro ataque de alienação, diga que tudo vai bem e que nossa maior empresa não sofrerá abalos. Em que planeta mora nossa principal mandatária?
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Do lado subjetivo, temos uma sociedade inquieta, farta de tanta corrupção e dos efeitos da crise que já batem no bolso, com aumentos generalizados e a falta de horizonte visível. A grande manifestação que está sendo organizada pelas redes sociais no dia 15 de março e a paralisação dos caminhoneiros são sintomas do estado de espírito crescente da população, que se assemelha a uma verdadeira panela de pressão.
Diante disso, as lideranças governamentais e institucionais revelam estar aquém da complexidade da atual crise. A presidente Dilma passa a ideia de um verdadeiro estelionato eleitoral, desmentindo, dia após dia, o discurso de campanha. Demonstra sua inaptidão para o cargo e uma inabilidade monumental. O ex-presidente Lula, em gesto de profundo cinismo, convoca um ato em defesa da Petrobras e, longe do perfil adequado para um ex-presidente da República, estimula o confronto e a intolerância, convocando o “exército do MST” a ocupar também as ruas. Para culminar, na véspera do anúncio das denúncias e inquéritos da Operação Lava-Jato, o Procurador-Geral da República é flagrado visitando “secretamente” a Presidente Dilma, numa evidente quebra da autonomia entre poderes e da liturgia do cargo.
Paralelo a tudo isso, nenhuma palavra do governo brasileiro sobre as arbitrariedades cometidas contra a população e a democracia na Venezuela e na Argentina.
A roda da história não para. Apertem os cintos, o piloto sumiu. A crise exigirá de todos sabedoria e coragem. O PSDB está consciente de seu papel.
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