Dia desses tive a oportunidade de ler uma interessante pesquisa sobre o quanto se rouba dos pobres lá nos Estados Unidos da América. Uma leitura fascinante, que sem dificuldades poderia ser aplicada ao nosso país em muitos aspectos.
O estudo começou pelo emprego. Algumas empresas norte-americanas, aproveitando o momento difícil da economia, começaram a estender a jornada de trabalho em alguns minutos diários, sem qualquer compensação. Quem não concordar é despedido. Outras empresas foram apanhadas desviando míseros centavos dos contracheques de seus funcionários – algo que sempre passa desapercebido. Isto pode parecer pouco, mas anualmente são surrupiados dos mais pobres, por conta de tais expedientes, nada menos que US$ 100 bilhões.
Esta conta fica ainda mais revoltante se considerarmos que o governo norte-americano distribui aos mais pobres recursos assistenciais da ordem de US$ 55 bilhões anuais – e os mais ricos roubam deles praticamente o dobro!
Se você tem recursos, basta ir a alguma loja e fazer suas compras em paz. Algum eventual crédito virá rapidamente, e quase sempre sob juros razoáveis. A realidade do “Zé-Povinho”, no entanto, é bastante diferente: haverá que se ir a alguma financeira implorar por um crédito qualquer, que normalmente virá acompanhado de juros extorsivos. É assim que, lá nos Estados Unidos, são abocanhados dos mais pobres nada menos que US$ 30 bilhões a cada ano.
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Ser pobre, lá nos EUA, não é apenas penoso – é também perigoso. Recentemente, em um estudo realizado sobre 15 estados daquele país, descobriram que em 14 pobreza é crime. Quanto mais você descer na escala social, mais criminoso tenderá a ser.
Inicio pelo local de dormir. Se você tem dinheiro, dorme em casa. Se não tem, dorme na rua – e acaba preso. Se você tem dinheiro, vai ao banheiro. Se não tem, acaba descobrindo que banheiros públicos são raridade, alivia-se na rua e… acaba preso. Se você tem dinheiro, alimenta-se em um restaurante ou em casa. Se não tem, vira mendigo – e acaba preso. Se você tem dinheiro, compartilha alguma refeição em sua casa, com amigos. Se você não tem, divide um pão dormido na praça – e acaba preso. Registro que não estou exagerando: em Houston e na Philadelphia é crime dividir comida com indigentes. É isso aí: a lei, de forma majestosa, impõe a ricos e pobres o dever de ocultar a pobreza.
À primeira vista estes parecem ser problemas de menor gravidade – até quando constatamos que eles respondem por 90% da criminalidade de baixo potencial ofensivo dos EUA, e por nada menos que US$ 2 bilhões recolhidos a cada ano dos miseráveis, a título de multas ou penas alternativas.
Vamos a outro exemplo: se você tem um automóvel de luxo e comete alguma infração de trânsito, paga a multa e segue sua vida. Mas caso seja um indivíduo modesto, proprietário de alguma “lata-velha”, e não tenha dinheiro para arcar com o valor da multa, prepare-se para ter sua Carteira de Habilitação confiscada – isto acontece na maioria dos estados norte-americanos. Neste quesito, inclusive, o Estado do Novo México foi além: aos devedores de multas de trânsito corta-se o fornecimento de água e gás. Que fiquem sujos, sem aquecimento e sem poder cozinhar, pois somente assim aprenderão que ser pobre custa muito caro.
Diante desta realidade fico a pensar que, no final das contas, não precisamos nos preocupar em fazer algo pelos miseráveis. Na verdade, basta que nada façamos contra eles.
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