Tivemos a publicação dos resultados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), o maior programa global de mensuração do nível de aprendizado e dos resultados dos sistemas educacionais em 81 países. Mais uma vez, o Brasil não ficou bem na foto. Ficamos entre os 20 piores em Matemática (65º.) e Ciências (62º.). E entre os 30 piores em Leitura (52º.).
Todos os países da OCDE em média tiveram piora em função da pandemia. O Brasil caiu bem menos, mas não há motivo para comemorações. É hora, vez por todas, de abandonarmos a retórica vazia em favor da educação brasileira e fazermos um esforço sincero de diagnóstico sobre as raízes de nosso fracasso e, a partir daí, arregaçarmos as manga desencadeando uma verdadeira revolução educacional com a participação dos governos, da sociedade, do empresariado e dos profissionais da educação. Fizemos a universalização do ensino fundamental, o Bolsa Escola – incorporado ao Bolsa Família, Planos Nacionais de Educação, etc, etc, etc. Mas entra década e sai década e os resultados não aparecem.
É chover no molhado dizer que educação é tudo no desenvolvimento de um povo, de uma Nação. Segurança, saúde, convivência social, cidadania, qualidade decisória, produtividade, renda, emprego, tudo, absolutamente tudo, é reflexo do nível educacional da população. Se não encararmos este desafio de frente, continuaremos enxugando gelo e perdendo relevância internacional.
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Imaginem nossas crianças e nossos jovens chegando assim despreparados em um mercado de trabalho marcado pela inteligência artificial, a
robótica, a ciência da computação, a engenharia genética, a biotecnologia? Estamos sequestrando o futuro da garotada. É preciso sair da zona de conforto de discursos empolados e inócuos cheios de modismos metodológicos e ideologias, para desencadearmos verdadeiramente uma profunda ação transformadora.
Três entre quatro alunos brasileiros, ou seja, 75%, se encontra no patamar mais baixo de aprendizado em Matemática, base de todo o mundo
técnico. Em Leitura e Ciência, metade dos alunos está na faixa de aprendizagem insuficiente. O pior é que os resultados são agravados pelas desigualdades regionais e de renda. Os alunos mais ricos ficam em média 77 pontos à frente dos mais pobres, isto equivale a 3 anos de aprendizado. Os resultados dos alunos do Norte e do Nordeste são muito piores que os das regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste, que já são decepcionantes.
É preciso determinarmos precisamente aonde perdemos o fio da meada da qualidade de ensino e decifrarmos o que faz nosso desempenho ser muito inferior a países diversos como Cingapura, Coreia do Sul, Estônia, Canadá, Japão, Irlanda, Chile, entre outros. Impressionantes são os dados sobre a percepção dos estudantes brasileiros. Cerca de 27% se sente solitário na escola, um espaço de socialização e convivência por excelência. Na faixa de 38% não escuta o que o professor diz e 45% admitem se distrair com aparelhos eletrônicos em sala de aula. Entre os estudantes brasileiros 19% se sentem um estranho ou deixados de lado no ambiente escolar, o mesmo contigente que se sente inseguro no caminho para escola. E o pior, os dados recentes mostram que metade dos jovens pobres nem estudam, nem trabalham.
Que futuro podemos esperar desse quadro? Urge uma reação forte
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