Era uma vez um grupo de elite cujos membros tinham habilidades extraordinárias. Havia o homem-sonar, o calculadora, o avestruz, o dentadura, o ímã e muitos outros – até um encantador de leões uniu-se ao grupo. Parece coisa de desenho animado, né? Mas só parece.
Começo pelo homem-sonar. Trata-se de Ben Underwoodtaught, que perdeu os dois olhos aos três anos de idade por conta de um câncer. Ele aprendeu, sozinho, a se orientar pelo eco dos sons que produz – mais ou menos como fazem os morcegos e os golfinhos. Assim, ele emite um som parecido com um “clique”, e pelo eco detecta se há algum obstáculo no caminho. Ben é tão surpreendente que talvez seja o único cego do mundo que joga basquete e anda de bicicleta normalmente. Seu exemplo tem inspirado um inovador programa de treinamento de uma universidade canadense.
O “homem que calcula”, até pouco tempo exclusivo da imaginação de Malba Tahan, também existe na vida real. Chama-se Daniel Paul Tammet. Acredite: em apenas cinco horas ele memorizou os valores do “pi” até 22.514 dígitos. Ele consegue “ver”, instantaneamente, os resultados de praticamente qualquer cálculo matemático. De quebra, fala os idiomas da Inglaterra, França, Finlândia, Alemanha, Lituânia, Romênia, Estônia e Islândia.
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E o “homem-avestruz”? Trata-se do francês Michel Lotito, capaz de comer qualquer coisa – de borracha a aço, passando por vidro. Ele devorou incontáveis bicicletas e televisores, acompanhado de latas de óleo mineral. Mas o maior banquete deste incrível glutão foi um avião inteiro. É isso mesmo: entre 1978 e 1980 Michel comeu e digeriu um avião Cessna 150 inteirinho, do pneu à hélice, dos bancos ao motor. Não sobrou nem um parafuso para contar a estória. Segundo consta, um estômago com paredes muito grossas e ácidos digestivos excepcionalmente poderosos garantem toda esta glutonaria.
O “homem-dentadura” também existe, e atende pelo nome de Rathakrishnan Velu. Este habitante da Malaysia surpreendeu o mundo ao puxar um trem com seis vagões, pesando 297,1 toneladas, usando somente os dentes.
Vem daquele mesmo país o “homem-ímã”, um senhor de nome Liew Thow Lin. O corpo dele tem fortes propriedades magnéticas, atraindo qualquer pedaço de aço. A quem pensar que Liew retém apenas agulhas ou pregos, esclareço desde logo que ele atraiu uma chapa de ferro ligada a um carro, tendo movimentado todo o conjunto sem usar nada preso ao corpo. O curioso é que esta habilidade ganhou ares hereditários: três filhos e dois netos dele também são “ímãs ambulantes”.
Descobri ainda um caboclo chamado Thai Ngoc que nunca dorme. Ele já ficou comprovadamente 11.700 noites consecutivas sem dormir – e goza de boa saúde. Durante o dia Thai toma conta de galinhas e porcos na fazenda onde vive, e à noite fica andando de um lado para o outro trabalhando como vigia. Segundo consta, nem uma boa dose de birita consegue colocar este impávido cidadão para dormir.
Encerro com outro sujeito, de nome Kevin Richardson, cuja especialidade é encantar animais selvagens – ele beija no focinho leões, leopardos e até hienas selvagens sem ser atacado. O dito cujo é acostumado a ir dormir no meio da bicharada, com a maior tranquilidade do mundo.
Pois é: se estes personagens fizessem parte de alguma estória em quadrinhos, todos diriam ser impossível que pulassem para a vida real. No entanto, cá estão eles nos provando o quão ignorantes somos sobre as coisas que nos cercam, e que superam em muito a mais fértil imaginação.
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