Tudo que o brasileiro merecia neste Natal era um horizonte de paz e prosperidade. Mas o turbulento ano de 2016 não deixa essa herança. Vivemos tempos nebulosos. É a maior crise da história recente do país.
Desemprego e recessão aguda. Crise fiscal profunda. Investimentos, consumo e produção em queda. As vísceras da corrupção sistêmica sendo expostas pela Lava Jato. Desarmonia entre os poderes da República. Insatisfação social explosiva. Crescimento vertiginoso da intolerância e do sectarismo. Crises políticas sucessivas. Instabilidade visível e profunda.
Qual seria a ponte para o futuro?
O Governo Temer é um funil estreito por onde teremos de passar para assegurar a travessia até as eleições de 2018, quando a sociedade brasileira soberanamente escolherá os novos rumos. Um governo pode se sustentar em três pilares: na força das armas, no carisma de um líder populista que fala e catalisa energias na relação direta com as massas sem mediação institucional ou na legitimidade das urnas.
O Governo Temer não se encaixa em nenhuma das três hipóteses anteriores. Só lhe resta a quarto eixo: a legitimação pelos resultados e pelo desempenho. Este é o desafio. Não permitir que a instabilidade e as fragilidades políticas e os efeitos da Lava Jato paralisem a discussão da agenda de interesse nacional. Afinal, o que verdadeiramente interessa à maioria das pessoas é sairmos do atoleiro em que nos meteram e voltarmos a crescer, gerando renda, emprego e bem-estar para a população.
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O sistema político, acuado e desprestigiado, precisa sair da paralisia e atacar os gargalos, promovendo os ajustes e as reformas necessárias. Os presentes que temos que ofertar à sociedade brasileira passam por um amplo ajuste fiscal, pela inevitável reforma da previdência de um sistema injusto e insustentável, pela modernização das relações de trabalho aumentando o emprego e a produtividade, acelerarmos as parcerias com o setor privado e melhorar o ambiente institucional para a retomada dos investimentos, baixarmos a taxa estratosférica de juros, azeitarmos a ampliação do crédito, simplificarmos o anacrônico sistema tributário brasileiro.
Na política temos que fortalecer o Presidente Michel Temer para pilotar a difícil travessia, melhorar a convivência entre Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público, regulamentar a coibição de abusos de poder e, principalmente, promovermos uma ampla reforma política que aproxime a sociedade de seus representantes, reduza a influência do poder econômico e fortaleça um sistema partidário representativo.
Na área social, a geração de empregos é a prioridade. Também avançar na qualificação das políticas públicas de educação, saúde e segurança. E ampliar os canais de comunicação e relacionamento com a sociedade para recuperarmos a confiança e a esperança perdidas no ralo da mais profunda crise que temos notícia nas últimas décadas.
Apesar dos tempos de crise, feliz Natal a cada um dos leitores!
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