Consta que a certidão de nascimento da presidente Dilma teve seu registro em Belo Horizonte. Como mineira, a presidente deveria ter um olhar especial para Minas e sua gente. Não é isso que se vê. De início, prometeu ter um escritório na capital e aqui vir todos os meses, mas a retórica política não foi suficiente para a construção de identidades profundas. Ser mineiro é um estado de espírito, é um jeito de ser, é carregar tradições e um inconfundível estilo, é defender os interesses mineiros. Os esforços de seus assessores e partidários não conseguiram esconder que a presidente Dilma vota em Porto Alegre, tem um jeito – nada mineiro – pouco afeito ao diálogo, conhece muito pouco a realidade de Minas, tem sua trajetória ligada aos pampas e, tudo indica, prefere chimarrão e churrasco ao bom pão de queijo com cafezinho.
Mais do que simbolismos, a marginalização de Minas através de gestos concretos revela um componente freudiano na ação presidencial, ao renegar suas raízes e adiar investimentos estratégicos para o desenvolvimento do Estado.
Já se vão 25 meses dos 48 que compõem seu mandato. Os gestos falam mais que palavras. São 11 ministros paulistas, oito gaúchos e apenas dois mineiros, sendo um assim mesmo de sua cota pessoal, e o outro, empossado tardiamente, por razões meramente eleitorais. Nunca, na história republicana, a participação de Minas foi tão pequena.
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A planta de acrílico, em Ibirité, para adensar a cadeia produtiva em torno da Refinaria Gabriel Passos, é uma promessa arquivada pelo PT. Eu mesmo, como secretário de Saúde, participei de várias reuniões com a Petrobrás sobre o Hospital Municipal, como suporte para o investimento.
E a ampliação da Fiat, que deveria naturalmente se situar em Betim, foi levada para Pernambuco, com incentivos que foram objeto de medida provisória específica e direcionada.
Na infraestrutura, nem se fala: o último centímetro e a última estação de metrô datam do governo FHC. As BRs 381 e 040 não saíram do papel após dez anos de governo do PT. O novo Anel Rodoviário não passa de um rabisco na prancheta.
O veto à mudança da base de cálculo da CFEM nas operações de exportação de minério tirou do Tesouro Estadual cerca de R$ 300 milhões/ano. Zerando a Cide para desafogar a Petrobras, outros R$ 300 milhões/ano para a manutenção das estradas sumiram, levando o governo de Minas a arcar sozinho com o Pró-MG.
Na construção do novo marco do setor elétrico, faltou diálogo e respeito aos contratos, com graves consequências para o Tesouro Estadual e para a Cemig.
Também em relação à dívida pública estadual, a postura tem sido semelhante à de um agiota, já que o governo federal capta a Selic (7,25%) e corrige a dívida de Minas a IGP+7% (15%). O comprometimento de 13% das receitas com pagamento de dívida sufoca os investimentos em educação e saúde.
Portanto, a relação da presidente Dilma com Minas, seu Estado natal, talvez nem Freud explique.
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