Dificilmente a educação será tema relevante nas campanhas eleitorais. Outras premências e prioridades deverão ocupar a atenção da imprensa e dos candidatos. Mais suscetível aos demagogos e vendedores de ilusões, a agenda dos eleitores mais pobres e menos escolarizados estará mais focada na sobrevivência. Suas premências são imediatas. Já a agenda dos mais conectados às redes sociais estará mais influenciada pelos embates ideológicos e tropeços de linguagem dos candidatos. Pão para uns, circo para outros. Os demais tendem a escolher seus candidatos por critérios variados, inclusive afinidades partidárias ou ideológicas. Mas são minoria.
Nem mesmo as premências, urgências e riscos educacionais agravados pela pandemia deverão mudar essa situação.
Se o prisma do eleitor é pouco promissor, o mesmo ocorre se olharmos pelo prisma dos candidatos, especialmente depois de eleitos. Para ficar em um exemplo: examinemos a pauta de votação do Congresso Nacional. Um fato curioso chama atenção: são raras as votações unânimes. Outro fato curioso: quase todas essas raras votações unânimes tratam de interesses de corporações profissionais. Ou seja: o povo elege os representantes, mas na hora de votar eles privilegiam os interesses de um determinado grupo de eleitores. E, para não dizer o contrário, nem sempre essas decisões contribuem para melhorar a condição do povo.
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E a vida continua, como se não fosse assim. Nessas próximas eleições, não faltarão promessas e padrinhos. Na educação, o saco de bondades que interessa ao eleitorado que depende da escola pública ficou mais magro e menos interessante. No passado, havia um enorme espaço para prometer escolas e vagas. Esse tempo acabou, há vagas para todos, exceto nas creches. Mas, espaço para promessas é o que não falta – e nenhum candidato precisa de assessoria para fazer sua lista de Papai Noel.
E aí veremos o de sempre: promessas pontuais de vagas nas creches, tempo integral, internet, praças de esporte, ônibus escolares, mais dinheiro, melhores salários e por aí vai. Nada disso muda a educação. E o que pode mudar a educação não é tema de campanha.
Não há espaço para nutrir ilusões. Para muitos candidatos, eleições constituem matéria de vida em morte – não brincam em serviço. Mas para quem ainda não desistiu do Brasil, eleições sempre constituem uma oportunidade para colocar em debate questões relevantes da educação nacional.
Nesse contexto, há pelo menos três agendas da educação a observar, questionar e debater: as questões nacionais, que deveriam ocupar a agenda dos candidatos a Presidente; as questões estaduais e o papel dos governos estaduais, que deveriam atrair a atenção dos candidatos a governadores; e as questões locais, dos estados e municípios, das quais os deputados seriam importantes interlocutores. São temas, focos e perspectivas diferentes, que merecem ser aprofundadas.
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