Já parou pra pensar o que exatamente faz um lobista? E um time deles?
Monitorar os temas e agentes de interesse, analisar cenários e perceber tendências, avaliar as políticas públicas, propor alternativas, apresentar evidências, traçar caminhos, articular estratégias com outros agentes, tudo isso faz parte do dia a dia do lobby.
Trabalho dispendioso demais para apenas uma pessoa. Por isso as equipes se estruturam para funcionar como uma engrenagem bem sincronizada e dar conta da complexidade dos temas na agenda, do volume de informações gerenciadas, da multiplicidade de agentes envolvidos no processo e, claro, das interpessoais tão necessárias no contato tête-à-tête.
E o que especificamente cada um faz? Bem, isso depende do tamanho e da organização da equipe. A maioria das organizações tem equipes pequenas (mas experientes) para cuidar dos temas de governo. Os nomes dos cargos e as atribuições podem variar de uma para outra e, dependendo do tamanho, as atribuições podem se concentrar em outros cargos. Mas em geral seguem um padrão parecido.
Os dados que trazemos abaixo são parte do resultado da pesquisa O Perfil do Profissional de Relações Governamentais, realizada pelo Pensar RelGov. O que compartilhamos aqui são as principais atribuições de cada cargo – o que faz cada um, e uma breve “radiografia” sobre idade, formação e experiência de cada posto da equipe.
Perfil do analista
Analista é o ponta de lança. Sua função exige seriedade e muito comprometimento. A ele cabe a responsabilidade de realizar os trabalhos técnicos da área, fazer o monitoramento dos temas relevantes no governo, análises de impacto normativo e antecipação de cenários com o intuito de subsidiar a estratégia da equipe com o máximo de informações úteis.
O analista em geral tem entre 25 e 35 anos, tem graduação completa e, alguns, MBA. Trabalha há menos de 5 anos na área e trabalha com notas técnicas, inteligência política e análise de políticas públicas. A remuneração em geral está entre R$ 5 mil e R$ 12 mil, podendo variar de acordo com o tipo de instituição.
Perfil do coordenador
Coordenador, o técnico com responsabilidade. O coordenador é o responsável pela condução de um ou mais temas, de acordo com a política interna. Ele ainda possui as funções do analista, mas assume outras responsabilidades. Elabora relatórios mantendo as atividades dentro das normas, executa as tarefas e coordena os trabalhos com outros pares.
O coordenador em geral tem entre 25 e 35 anos, tem especialização ou MBA, tem entre 5 e 15 anos de experiência e atua com inteligência política, estratégia e representação institucional. A remuneração em geral está entre R$ 8 mil e R$ 18 mil, podendo variar de acordo com o tipo de instituição.
Gerente é o que faz acontecer. É o elo entre as definições de objetivos e as realizações. Planeja e controla os recursos e as atividades da área para garantir a conformidade e alcançar os objetivos corporativos esperados. Faz a gestão das informações geradas pelos diversos setores. Além de suas contribuições técnicas, acompanha os processos e resultados e define estratégias para assegurar o melhor desempenho da equipe.
O gerente em geral tem entre 36 e 45 anos, tem especialização ou MBA, tem pelo menos 10 anos de experiência na área e domina risco político, inteligência, representação e negociação e influência. A remuneração em geral está entre R$ 12 mil e R$ 20 mil, podendo variar de acordo com o tipo de instituição.
Diretor é o líder. É o principal executivo do departamento. Ele define as políticas e objetivos e conduz a elaboração e implementação dos planos estratégicos. Faz decisões de contratação e demissão, gestão de pessoal, controla o orçamento e é muitas vezes o rosto da organização para relações institucionais. O diretor executivo é contratado pelo conselho de administração e faz recomendações sobre novos investimentos.
O diretor em geral tem mais de 35 anos, especialização ou MBA, pelo menos 15 anos de experiência na área e domina o gerenciamento de stakeholders, risco político, ie negociação e influência. A remuneração em geral é acima de R$ 15 mil, podendo superar os R$ 40 mil, de acordo com o tipo de instituição.
Alguns pontos saltam aos olhos. São profissionais em geral jovens mas com bastante experiência, com alta escolaridade e especialização e que dominam habilidades bem diversificadas. Outro ponto é que as competências se complementam de maneira bastante coesa para permitir que o time trabalhe com monitoramento, análise, inteligência e estratégia para que as ações de comunicação e articulação e possam se efetivadas com sucesso.
Bem diferente do estereótipo que vaga no folclore do senso comum.
Deixe um comentário