Uma famosa frase, atribuída ao físico Albert Einstein, é que “duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana”. Ah, sim, e ele acrescenta com humor: “Mas, em relação ao universo, não tenho certeza absoluta”.
A pandemia de covid-19 tem oferecido exemplos abundantes de divulgação massiva de baboseiras. Que o digam os governadores que neste mês revelaram ter testado positivo para o SARS-CoV-2, o vírus causador da covid.
O último deles foi o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL). É o sexto, desde o início de janeiro, a informar que caiu na rede do coronavírus. Usou o seu perfil no Twitter para dar a notícia:
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Usuários da rede logo concluíram que o fato comprovava a absoluta inutilidade das vacinas. Muitos demonstram irritação com a instituição do passaporte de vacinação. Desde novembro, por decreto do governador, as pessoas com mais de 12 anos devem comprovar que se imunizaram contra a covid para terem acesso a casas noturnas, shows e outros eventos.
É verdade que Carlos Moisés é um caso bastante peculiar. Eleito na onda bolsonarista de 2018, com mais de 70% dos votos, o coronel da reserva do Corpo dos Bombeiros foi rechaçado pelo presidente da República principalmente por causa das medidas de isolamento social que adotou durante a pandemia. Escapou de dois processos de impeachment. Sofreu críticas por hesitações na condução das políticas contra a pandemia, e parece ter sido condenado à ira eterna por muitos aliados de Bolsonaro em um dos estados onde o capitão tem das mais altas taxas de aprovação no país.
Mas, descontada a intensidade dos ataques, não foi muito diferente com os governadores Helder Barbalho (MDB-PA), Ratinho Júnior (PSD-PR), Flávio Dino (PSB-MA), Cláudio Castro (PSD-RJ) e Eduardo Leite (PSDB-RS) – todos vacinados e infectados neste mês. Para alguns, é a prova de que a vacina não vale nada.
Voltaremos ao tema na próxima quinta-feira (20), no Congresso em Foco Talk, quando reuniremos cientistas e profissionais altamente qualificados para mostrar o que a ciência nos permite dizer sobre o assunto. Lembremos aqui, porém, algumas coisas que estão mais do que demonstradas, em escala global, e são reconhecidas pela comunidade científica, pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelos órgãos de saúde de quase todos os países do mundo:
- De fato, a vacinação não evita a infecção, sobretudo pela nova variante do coronavírus, a ômicron.
- No entanto, reduz muito o risco de casos graves e de óbitos.
- Isolamento social é, sim, uma medida sanitária recomendável, principalmente neste momento de grande crescimento das infecções, assim como o uso de máscaras de qualidade (N95 e 3M) e a correta higienização de mãos e objetos de uso pessoal.
- Governantes encontraram um problema complexo para enfrentar com a pandemia. De um lado, há a necessidade de preservar a saúde das pessoas. Do outro, o risco de gerar desemprego e fechamento de empresas. O equilíbrio e o gerenciamento cuidadoso das situações que exigem atenção do Estado são fundamentais, mas a experiência mundial tem demonstrado que as nações que colocaram a vida humana acima de tudo foram menos atingidas tanto sob o aspecto sanitário quanto econômico.
Por que um simples jornalista se arvora a defender com tanta convicção as afirmações feitas acima? Primeiro, porque elas não são minhas, mas sim o produto do que ouvi e li de pessoas que compreendem profundamente essas questões. Segundo, porque, a covid já matou gente demais no Brasil. Já passamos de 620 mil mortes. Chega, né, gente? (Com Cynthia Araujo)
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