Na disputa ao Senado em busca do eleitorado de esquerda no Rio de Janeiro, o petista André Ceciliano, presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, chamou a atenção dos eleitores nas últimas semanas por conta de sua busca por alianças com políticos bolsonaristas. Entre eles, o governador Cláudio Castro (PL), aliado de Jair Bolsonaro na disputa pelo governo do Rio de Janeiro, e o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), vice-líder do governo na Câmara.
Paralelamente, Ceciliano demonstra sinais de desinteresse em preservar a aliança do PT com o PSB. No último dia 28, chegou a ameaçar romper com o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), candidato da coligação ao governo, caso o PSB não abrisse mão da candidatura de Alessandro Molon (PSB-RJ), seu principal concorrente à esquerda para a cadeira fluminense no Senado.
O conteúdo deste texto foi publicado antes no Congresso em Foco Insider, serviço exclusivo de informações sobre política e economia do Congresso em Foco. Para assinar, clique AQUI e faça uma degustação gratuita de 30 dias.
Leia também
Para o vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, Ceciliano acerta ao se aproximar de bolsonaristas. “André é presidente da Alerj e tem na base dele um arco imenso de apoio. Ele é o majoritário do Lula no Rio, e ajuda a ampliar a campanha de Lula para muito além da esquerda, que é o que precisamos”, declarou o petista ao Congresso em Foco. Quaquá integra o grupo de trabalho encarregado de analisar cenários eleitorais nos estados.
Esse mesmo pensamento se aplica aos comentários do deputado estadual em apoio ao atual governador fluminense, que ele avalia não representar um aceno direto à base política de Jair Bolsonaro. “O Cláudio Castro tem muita gente na base que é Lula. Vou dar o exemplo do prefeito Waguinho, de Belford Roxo, e do prefeito Rogério Lisboa, de Nova Iguaçu. Nos interessa ter esse pessoal com Lula”, ressaltou. Waguinho é presidente estadual do União Brasil no Rio, e Rogério Lisboa é filiado ao PL, partido de Bolsonaro.
A busca de apoio com prefeitos e deputados da base, segundo Quaquá, não configura um conflito de interesses com a coligação de esquerda, mas sim um passo estratégico para alcançar um objetivo mais amplo. “A tática é ampliar Lula para o eleitor de centro. André é a ponta de lança para isso. Nossa prioridade é a campanha do Lula”, explicou.
Na corrida para o Senado, Ceciliano anunciou sua pré-candidatura em um cenário de desvantagem. De acordo com a pesquisa da Gerp realizada no final de março, Alessandro Molon e Romário (PL) aparecem empatados com 18% das intenções de voto, enquanto Ceciliano conta com apenas 1%. Quaquá considera que, com o apoio de candidatos de diversos espectros, o petista possa se tornar um nome competitivo. “André é o político de esquerda mais bem articulado e mais amplo do Rio. Aliás, nem no centro tem alguém com a habilidade e o apoio dele”, apontou. Molon tem dito a aliados que não desistirá da disputa, mesmo com a pressão do PT para que se candidate à reeleição e apoie o presidente da Alerj. Marcelo Freio tem evitado comprar briga com o PT. Lideranças petistas já ameaçaram romper com o apoio a Freixo caso Molon insista na candidatura ao Senado.
Deixe um comentário