Março não é apenas conhecido por dar as boas-vindas ao outono, é também reconhecido por ser um mês dedicado à conscientização sobre as mudanças climáticas. Ouso dizer que a passagem dos anos só tornou esse período ainda mais necessário. Entre 2013 e 2022, 93% dos municípios brasileiros foram atingidos por desastres naturais, como tempestades, inundações, enxurradas e alagamentos. Em 2023, o país registrou mais de 1,1 mil desastres naturais, um recorde diretamente relacionado às mudanças climáticas.
Entre centenas de casos que exemplificam o impacto dos eventos climáticos extremos na vida de uma população, escolhi trazer o de São Sebastião para essa conversa. A cidade do litoral Norte de São Paulo viveu em fevereiro do último ano a maior tragédia de sua história, em mais um episódio conectado às mudanças climáticas. Os 640 milímetros de chuva em 24 horas deixaram 64 pessoas mortas, 2 mil desalojadas e uma comunidade que ainda luta para se reconstruir.
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As consequências — ruas alagadas, casas destruídas e vidas perdidas — poderiam ter sido evitadas com uma preparação adequada às mudanças climáticas. A verdade é que não podemos assistir a outra tragédia evitável como a de São Sebastião em nosso estado. O poder público precisa agir! Para enfrentar os efeitos cada vez mais graves e intensos das mudanças climáticas, protegendo a vida de seus habitantes, as cidades devem se preparar e construir um planejamento integrado.
E o que as cidades podem fazer?
É necessário estruturar ações contínuas e consistentes que colaborem para a adaptação dos municípios à crise climática. E tudo isso começa pelo gerenciamento de risco e prevenção à ocorrência de desastres. Estamos falando aqui de medidas que vão desde a identificação de áreas de risco e serviços de zeladoria urbana, como limpeza de bueiros e podas de árvores, até obras de contenção de encostas e construção de moradias para a remoção das famílias que vivem em áreas de risco. Essa atuação preventiva também inclui a implantação de sistemas de alerta, treinamentos para evacuação e instalação de pontos de abrigo temporário.
Na ocorrência do desastre, ações emergenciais são adotadas para reduzir os danos. Um município preparado é capaz de fornecer à população atendimento de emergência em saúde, energia, comunicação, mobilidade e estabilização geológica com mais rapidez e eficiência. Também é importante garantir o funcionamento de serviços essenciais para as áreas atingidas e o oferecimento de abrigo temporário em condições de higiene e alimentação.
Além de todas as medidas em nível municipal, reconheço no comprometimento do estado um elemento fundamental para auxiliar a população paulista no enfrentamento das mudanças climáticas. Sou autora do Projeto de Lei nº 759/2021, que decreta emergência climática no estado de São Paulo e tramita na Assembleia Legislativa desde 2021. Caso seja aprovada pela Alesp e sancionada pelo governador, a lei estabelecerá a união do poder público e do setor privado em ações de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas, priorizando a proteção das populações mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas.
Que esse momento nos faça refletir, repensar e agir. A crise climática é real e exige a ação de todos nós, todos os dias. É questão de prevenção e adaptação.
Veja também, da mesma autora:
- Um ano depois, a luta continua no litoral Norte de SP
- O Brasil não pode retroceder na agenda climática
- A emergência climática é real e exige ação do poder público
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