Por que discutir o futuro da humanidade, uma discussão que vai além da filosofia, passando pela busca do seu lugar neste admirável mundo novo?
Se você está confuso.
Sofre de ansiedade!
Não consegue parar de olhar as mídias sociais.
Fica entediado facilmente.
Vive irritado.
Bem-vindo ao mundo da aceleração digital.
A gente acha que o planeta está girando mais rápido. Pelo menos os seus pensamentos vão a mil por hora. Ao contrário do telefone, não dá para se desconectar. E olha que dá muita vontade. O mundo das mídias digitais, que nos fazia voar, agora parece uma prisão. Tantas escolhas.
Esse drama é para todos. E é para sempre. Estamos imersos num caminho sem volta. Vamos colocar a cabeça no buraco? Ou vamos tentar sair da nuvem, para ver um pouco mais além?
Bem, o Papo de Futuro traz esse convite. Você pode estar atolado até o topo com notícias, likes, posts, engajamento, marketing digital, conteúdo, inteligência artificial, etc. Mas não custa olhar para essas mudanças. Não custa se perguntar: onde é mesmo que vamos parar?
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Outro dia desses um grupo de cientistas disse: “parem as máquinas”. Sim, parem as máquinas inteligentes, referindo-se à inteligência artificial generativa, a do ChatGpt, que trabalha com a linguagem. Lançaram uma carta chamada “Moratória da Inteligência Artificial”, pedindo um intervalo de seis meses nas pesquisas.
Mas você acha mesmo possível parar o tempo?! Segurar o relógio?
A inovação não vai parar. E por isso que nós vamos discutir aqui, todas as semanas, o que interessa para o indivíduo. Sabe qual é a diferença básica entre o homem e as máquinas. É que a nossa capacidade de discernimento é ilimitada. Você quer ver?
A gente sabe quando uma campanha de difamação na rede está em curso. E podemos reagir contra ela. A gente sabe quando a indústria pornográfica e a pedofilia e os crimes digitais estão fora de controle. Nós sabemos quando a liberdade de expressão está sob risco, porque o deep fake coloca o nosso rosto em vozes artificias e conta histórias difamatórias sobre a nossa vida.
O filósofo Yuval Hariri diz que os algoritmos escolhem as nossas preferências, mas é o uso da linguagem pelas IA (inteligências artificiais) generativas que vai permitir a evolução das máquinas a ponto de que, talvez, elas possam sim substituir o humano. Em que sentido? Tendo o domínio de toda a história da humanidade, desde o início da linguagem…
É claro que a internet melhorou as nossas vidas. Mas ainda temos o problema dos crimes, da mentira, da violência e tantos outros nas redes sociais. É óbvio que as redes sociais democratizaram, e muito, o acesso à informação. Assim como democratizaram também a mentira, da calúnia, o viés algoritmo, o preconceito, as violações ao direito autoral, as ameaças à privacidade e à liberdade de expressão, a destruição das reputações.
O que é preciso então é regular a internet como espaço público? Um espaço que já não tem uma audiência de milhares, como na TV e nos jornais, mas de bilhões, como o WhatsApp, o Facebook e o Youtube.
Não é porque estamos falando de uma escala planetária, que não podemos pensar e agir localmente. Os modelos estão postos, a regulação está na rua, os projetos estão no plenário da Câmara e nas comissões do Senado, aguardando para serem votados.
Então, as plataformas dizem que já moderam o conteúdo? Que não precisam de projeto? Então que mal faz em aprovar o projeto de lei que foi atacado por uma campanha difamatória do Google?
Eu assisti recentemente a uma palestra do ministro Luis Roberto Barroso no XI Fórum Jurídico de Lisboa, realizado em Portugal (1), em que ele dizia: nós vivemos num tal nível de polarização e radicalização, que fica difícil ter consenso sobre o óbvio.
Por exemplo, não nos parece óbvio que nada disse é aceitável: pedofilia, discurso racista, comportamentos inautênticos causados por boots ou moderadores contratados para desestabilizar a democracia ou as instituições, e por aí vai.
O Papo de Futuro vai muito além da internet e do PL 2630 (1), o PL da liberdade de expressão, e da regulação da IA (3), e tantos outros projetos que estão na Câmara.
Aqui também discutimos qualidade das telecomunicações, direitos do consumidor na internet, financiamento da ciência e tecnologia, políticas de inovação, regionalização da comunicação eletrônica, pluralismo político, autonomia e independência das universidades, soberania digital… tudo centrado no usuário, tudo voltado para você, que é o ator principal desse teatro que a gente chama de Era da Informação.
Mesmo o que parece pouco importante no mundo digital, e mesmo o que parece tão importante que nem dá para discutir, o debate nunca foi tão aberto e democrático, ainda que o outro lado da moeda todos nós já conhecemos!
Fica aqui o nosso recado! O mundo digital não é para amadores. Mas ele pode ser sim para iniciantes. Porque este é um caminho sem volta. Viver este mundo sem perder a sua autonomia informativa é a melhor forma de mergulhar nesses novos tempos, sem se afogar.
O comentário no Papo de Futuro vai ao ar originalmente pela Rádio Câmara, às terças-feiras, às 8h, em 96,9 FM Brasília.
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