O ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet guarda, em um galpão de sua propriedade, 166 caixas com os mais variados tipos de objetos e outras nove com honrarias recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo a colunista Bela Megale, do jornal O Globo, os mais de 9 mil itens recebidos como presente por Bolsonaro durante o mandato presidencial ocupam 195 metros cúbicos do espaço emprestado pelo tricampeão mundial.
Foi nesse mesmo galpão da fazenda de Piquet, localizada em uma das áreas mais nobres de Brasília, que estavam os dois conjuntos de joias que Bolsonaro recebeu do regime da Arábia Saudita e que foram entregues à Caixa Econômica Federal. A determinação foi dada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
De acordo com a colunista, no local há presentes dados por pessoas físicas, jurídicas e autoridades dos mais variados países. Entre eles, Uruguai, Polônia, Paraguai, Coréia do Sul, Equador, Suíça, Colômbia, Taiwan, Israel, Alemanha, Itália, Argentina e China.
Na semana passada Bolsonaro entregou um terceiro kit de presentes dado pelo governo da Arábia Saudita. Os itens, como joias, diamantes e relógios, devolvidos à União, até agora, somam cerca de R$ 16,5 milhões. A determinação foi dada pelo Tribunal de Contas da União após série de reportagens mostrarem que Bolsonaro havia se apropriado indevidamente de presentes que deveriam ficar no acervo público por terem sido dados a ele na condição de representante máximo do Brasil.
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O Congresso em Foco não conseguiu contato com o ex-piloto.
Apoiador e principal doador, como pessoa física, da campanha à reeleição de Bolsonaro, o ex-piloto abriga na Fazenda do Piquet itens valiosos recebidos pelo ex-presidente, conforme revelou o jornal O Estado de S.Paulo. Além de doar R$ 501 mil à campanha de Bolsonaro, Piquet chegou a gravar um vídeo em que desejava a morte para Lula após o amigo perder a reeleição.
Uma empresa do ex-piloto faturou mais de R$ 6 milhões em um contrato assinado, sem licitação, em 2019, com Instituto Nacional de Meteorologia, órgão ligado ao Ministério da Agricultura.
Recentemente o ex-piloto emprestou um Porsche blindado a Jair Bolsonaro após recusa do governo Lula em ceder um veículo de segurança reforçada ao ex-presidente. Bolsonaro tem circulado com esse veículo de luxo em Brasília após ter retornado dos Estados Unidos, onde passou três meses. Em mais um sinal de proximidade entre os dois, Bolsonaro viajou na última semana para Angra dos Reis (RJ), em jatinho do amigo. No desfile de 7 de Setembro de 2021, o tricampeão conduziu Bolsonaro no Rolls-Royce presidencial pela Esplanada dos Ministérios.
No final do mês passado, Piquet foi condenado a pagar uma quantia de cerca de R$ 5 milhões em danos morais a entidades de combate ao racismo e à Lgbtfobia por comentários racistas contra o piloto inglês Lewis Hamilton, além de uma série de multas por declarações de teor racista e homofóbico proferidas desde 2016.
A ação em favor de Hamilton foi aberta após uma entrevista, cujo trecho foi noticiado no Congresso em Foco, em que Piquet se referiu ao britânico, sete vezes campeão mundial da Fórmula 1, como “neguinho” enquanto criticava uma manobra sua de corrida. Diversos movimentos sociais o acionaram na justiça, exigindo não apenas que respondesse pela sua declaração, mas por uma série de outras falas do mesmo teor proferidas publicamente ao longo dos últimos anos.
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