A vida moderna se divide entre “antes do celular” e “depois do “celular”. Cada vez mais, a gente confia que um pequeno dispositivo pode controlar a nossa vida, e está tudo bem. A realidade mostra que uma senha não é suficiente para proteger todos os seus dados que ficam na palma da sua mão.
Quando esse aparelho cai em mãos erradas, pode ser um desastre: acesso à sua conta de e-mail ou do egov; acesso a aplicativos de contas bancárias e compras em elevado valor, além de operações como TED ou PIX para contas da quadrilha. Os policiais constatam a mudança no perfil do criminoso, que agora é um expert em tecnologia e no uso de aplicativos digitais e pode, em coisa de meia hora, abrir um rombo na sua conta bancária.
O que fazer para evitar que a sua vida seja defasada? Parece que existem então especialistas nesse novo do tipo de crime? Em São Paulo, em 66% dos crimes o bandido só quer o celular e não procura outra coisa, e ele não visa mais o aparelho em si, mas sim o acesso a todos os seus aplicativos, senhas, documentos.
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Esse tipo de crime tem agora duas novas características: bandidos mais ousados e ações cada vez mais violentas. O que assusta é a velocidade com que alguém rouba o seu celular e, se a tela estiver desbloqueada, pode efetuar transferências e esvaziar a sua conta.
Em primeiro lugar, pela agilidade com que o nosso sistema bancário permite fazer operações online, o brasil é campeão nesse quesito. Segundo, porque muitas vezes as pessoas não colocam senhas fortes e uma senha para cada aplicativo, usando senhas sequenciais e outras senhas mais dedutivas.
Eu conversei com o Nilo Pasquali, superintendente de Planejamento e Regulamentação da Anatel, que explica o passo a passo quando alguém tem o celular roubado: registre um boletim de ocorrência online, pedindo que a polícia bloqueie o chip do aparelho.
Esse tempo de resposta é fundamental e, não se preocupe, o bloqueio pode ser revertido depois e não precisa informar o tal número IMEI, que identifica o aparelho, afirma Pasquali:
“O ideal é você fazer um boletim de ocorrência, que você pode fazer via internet. Você vai solicitar o bloquei ido terminal na polícia. Não precisa saber o código IMEI, que é o chassi do celular. Você só passa o número da linha, que o sistema descobre o IMEI. O que esse bloqueio faz? Faz com que o aparelho não funcione nas redes do Brasil, na parte celular, mas ainda conecta em rede wi-fi, por exemplo”.
Porém, ainda que o chip esteja bloqueado, é possível usar o aparelho em redes wi-fi, por exemplo, ou seja, o aparelho não perde a sua função, o que mostra que as medidas de segurança contra esse tipo de roubo são bem complexas.
Às vezes, em nome da praticidade e da correria do dia-a-dia, a gente quer menos senhas e deixa de usar alguns dispositivos como o procurar o meu telefone, que é um recurso oferecido pelo fabricante. Na prática, uma coisa é bloquear a conta na operadora de telecomunicações, outra coisa, igualmente importante é fechar o acesso ao aparelho em si, com recursos como buscar o telefone. É muito importante que esse dispositivo esteja ativado, caso contrário, pouco poderá ser feito no sentido de resgatar o aparelho, com todas as suas senhas, fotos e informações que ele contém, como explica o Nilo Pasquali.
“Uma segunda dica importante é o usuário fazer o bloqueio do celular em si, pelos seus aplicativos. Tanto o sistema Android quanto o IOS, dos Iphones, têm uma funcionalidade que você pode buscar o aparelho e bloqueá-lo e nessa condição você pode bloquear todas as funções do aparelho também, e no dia a dia, com os bancos e outros aplicativos, isso é bastante importante. O recomendável é registrar o boletim de ocorrência, entrar em contato com a operadora com um chip de celular novo e buscar os meios de tentar encontrar o aparelho. Se em algum momento o celular for recuperado, é possível fazer o desbloqueio também, seja pela polícia, pela prestadora ou pelos sistema que as operadoras ou pelos sistemas que a própria empresa, tanto a Apple quando a Google, podem fazer”
Vale lembrar que a Anatel tem o programa “Celular Legal” e muitas dessas orientações estão lá. O combate ao roubo, furto ou extravio de celulares é um esforço que a Anatel tem feito, junto às prestadoras de telefonia móvel, à Polícia Federal e às Secretarias de Segurança Pública dos estados no combate ao uso de aparelhos celulares roubados, furtados ou extraviados.
Nada disso impede que o dono do celular adote suas próprias medidas de precaução, ou seja, prevenir ainda é o melhor remédio. Procure se informar melhor como estar protegido e, sobretudo, evite deixar celulares sobre mesas, banheiros ou em lugares onde ele pode sumir em questão de segundos. E, até mesmo, evite expor-se com o celular em lugares com multidões. Esse é um universo que, na verdade, boa parte dos brasileiros ignora, acreditando que o problema não existe ou está sob controle. Mas não está.
Por isso, uma atitude precavida pode evitar muitos problemas, como explica o gerente de Regulamentação da Anatel:
“É uma situação que existe no Brasil é evitar a utilização do aparelho na rua para minimizar essa possibilidade de ter o celular roubado ou furtado, procure um lugar onde você possa fazer atender uma chamada ou fazer uso em segurança.”
Assim, há vários opções de segurança. Ativar a verificação em duas etapas; não utilizar o e-mail no celular, pois o e-mail é a principal fonte de recuperação de senhas; ativar o dispositivo “encontrar meu celular”, e, em último caso, registrar uma conta de e-mail somente para verificação de senhas e utilizar o pin para permitir o acesso ao chip da operadora toda vez que o celular é desligado estão entre as medidas básicas e muito importantes. De qualquer forma, o susto é grande quando algo acontece e o celular desse ser tratado como fonte de grande facilidade para a vida moderna, mas que também pode ser uma grande dor de cabeça por centralizar todas as informações e recursos, sem falar no prejuízo para o bolso e nos danos morais que podem vir do vazamento de dados de um celular que tenha sido roubado ou extraviado.
Se informe e saiba como agir, pois ninguém está 100% protegido.
O comentário no Papo de Futuro vai ao ar originalmente pela Rádio Câmara, às terças-feiras, às 8h, em 96,9 FM Brasília.
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