O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) recuou em todos os estados brasileiros entre 2020 e 2021, devido à crise desencadeada pela pandemia da covid-19. Essa é a principal conclusão de um relatório divulgado nesta terça-feira (28) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O recuo remete o país aos níveis registrados em 2012.
O IDH é um indicador sobre a qualidade de vida de um país, estado ou cidade. Leva em conta a expectativa de vida e os anos de escolaridade e renda per capita. A escala vai de 0 a 1. Quanto mais próximo o índice estiver de 1, melhor é a qualidade de vida da população.
O estudo revela que Roraima, Amapá, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Distrito Federal sofreram as maiores quedas percentuais no IDH. O Nordeste teve perdas menores em termos proporcionais, com estados como Alagoas, Sergipe, Ceará e Rio Grande do Norte apresentando recuos mais amenos. Entre 2019 e 2021, o IDH de seis estados recuou do nível alto para o nível médio: Pará, Bahia, Paraíba, Piauí, Roraima e Amapá. Já Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná caíram do nível muito alto para alto.
Segundo o representante residente do PNUD no Brasil, Claudio Provida, os estados que tiveram queda menor não foram necessariamente os que tinham maior poderio financeiro. “Estados que foram capazes de construir consensos em torno de agendas de políticas públicas para debelar e para lidar com as dificuldades da covid-19 tiveram, pela leitura do IDH, um desempenho diferenciado e mais positivo do que outros”, afirmou Provida.
Mostra disso é que o Maranhão, com pior IDH no país até a pandemia, teve queda inferior à do Distrito Federal, considerado muito desenvolvido (-2,6% e -5,2%, respectivamente). Sinal de que houve melhor gestão da pandemia no Maranhão, à época governado por Flávio Dino (PSB), na comparação com o DF, de Ibaneis Rocha (MDB).
PublicidadeNo período anterior à pandemia, de 2012 a 2019, os grandes ganhadores relativos de performance do IDHM foram os estados do Nordeste – com ganhos que chegaram a 7,6% em Pernambuco, 7,1% no Maranhão e 7% no Piauí.
A esperança de vida diminuiu para 74,16 anos, já a frequência escolar caiu para 98,84%. A renda domiciliar per capita chegou a R$ 723,84. De acordo com o Pnud, a os indicadores de educação e longevidade são impactados no curto prazo e podem ser revertidos. Já a queda na renda esbarra em uma crise estrutural. O impacto da pandemia variou entre os indicadores do IDHM:
- Educação e longevidade sofreram efeitos mais abruptos e transitórios, com perspectivas de reversão a partir de 2022.
- Renda enfrenta uma crise estrutural agravada pela covid-19, com indicadores negativos tanto na renda domiciliar per capita quanto na renda do trabalho, retornando a patamares anteriores a 2012.
O PNUD destaca a importância dos programas de transferência de renda, como o Auxílio Emergencial e o Auxílio Brasil, para amenizar o impacto da crise nas famílias mais pobres, especialmente em estados com menor IDHM.
O relatório do PNUD ressalta a necessidade de políticas públicas fortes em saúde, educação e transferência de renda; reavaliação de normas e condutas para políticas mais equitativas e abrangentes; gestão pública baseada em evidências para combater as desigualdades sociais e econômicas, e ações conjuntas são necessárias para superar os desafios e alcançar o desenvolvimento humano.
O estudo do PNUD serve como um alerta para os desafios impostos pela pandemia e a necessidade de ações conjuntas para revertê-los. Investir em saúde, educação e renda de forma estratégica e sustentável é crucial para que o Brasil retome a sua trajetória de desenvolvimento humano e construa um futuro mais justo e próspero para todos.
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