Como “justificativa” ao caos que Bolsonaro tem implantado no Brasil, aqui e acolá é possível ouvir alguns apoiadores dizerem: “ah, mas pelo menos Bolsonaro não rouba. Bolsonaro não é corrupto”. Será que não é mesmo? Em situações como essa, se pode parar e pensar: o que será que essas pessoas entendem por corrupção?
Percebe-se que há um entendimento limitado por parte de algumas pessoas de que roubar ou corromper seria apenas algo relativo a desvio explícito de dinheiro público, a exemplo daquela cena em que, no apartamento de Geddel Vieira Lima foram encontradas malas de dinheiro ou como no caso do assessor de Michel Temer, Rodrigo Rocha Loures que foi pego saindo de um restaurante com uma mala de dinheiro.
Em situações como essas e outras, existem corruptos e corruptores, coniventes, responsáveis e irresponsáveis e que existem vários tipos de corrupção como ativa, passiva, necessária, preditiva e lateral. A corrupção pode ocorrer de várias formas como: suborno, propina, extorsão, compra e venda de sentenças judiciárias, nepotismo, tráfico de influência, uso de informações governamentais privilegiadas, superfaturamento de obras e venda de produtos, subfaturamento na venda de empresas privatizadas, adulteração de notas fiscais, sonegação de impostos, inserção de dados falsos em sistemas de informação, ou apagão de dados, entre outras formas.
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É importante destacar ainda que há situações que mostram como a caça à microcorrupção, também é utilizada como cortina de fumaça para desviar o foco da macrocorrupção e de outras formas de assalto ao povo brasileiro, como a questão da remuneração e juros sobre a dívida pública que acaba “legalizando” uma forma de agiotagem institucionalizada
Dito disso, vale a pena lembrar de diversas situações, envolvendo Jair Bolsonaro, seus filhos e seu governo, para que cada um possa refletir e chegar às suas próprias conclusões.
A Petrobras está sendo desmontada e seus pedaços, junto com o pré-sal e o gás natural do Brasil, estão sendo vendidos. Foi divulgado um lucro escandaloso da Petrobras de mais de R$ 100 bilhões. Lucro para acionistas, principalmente estrangeiros. Ora, isso é o resultado de uma gestão competente da Petrobrás ou o resultado da exploração do povo brasileiro? Como não ter lucro com várias partes do país pagando R$ 8,00 no litro da gasolina? Isso não é sinônimo de roubo? Como explicar que “com corrupção” o litro era 2,68 e “sem corrupção” chega a R$ 8,00? Não é estranho?
Este é o resultado da política de preços implantada por Michel Temer e mantida por Jair Bolsonaro na Petrobras. Se somos praticamente autossuficientes em petróleo e temos a capacidade de refinar e produzir tudo em Real, é honesto pagar a gasolina em dólar e no preço internacional? Além de todo esse absurdo, venderam uma refinaria de petróleo pela metade do preço. Quem ganhou com isso?
Ainda em relação à Petrobras, vazaram informações governamentais privilegiadas e um amigo invisível de Paulo Guedes e Bolsonaro ganhou R$ 18 milhões com ações da empresa. Como é o nome disso?
Fora isso, fica o convite para que você possa relembrar pelo menos mais doze situações e forme a sua opinião:
As rachadinhas nos gabinetes familiares dos Bolsonaro, que configuram crime de peculato, lavagem de dinheiro, improbidade administrativa, concussão, organização criminosa e o depósito de R$ 89 mil que Queiroz fez na conta de Michele Bolsonaro, são ou não casos de corrupção?
Como justificar a compra de uma mansão em Brasília, no valor de quase R$ 6 milhões, por Flávio Bolsonaro? Curioso é que Jair Renan e sua mãe alugaram e se mudaram para uma mansão em Brasília, avaliada em R$ 3,2 milhões.
Falando em Jair Renan, ele recebeu de uma empresa um carro avaliado em R$ 90 mil. Pela lei, o recebimento de presentes ou de serviços de alto valor por autoridades é corrupção. O mesmo filho também abriu uma empresa com ajuda de lobista da Precisa Medicamentos, envolvida na CPI da Covid. Como isso se chama?
O que pensar de um governo que diz querer acabar com a corrupção, mas, desmantela o COAF, importantíssimo órgão de fiscalização e inteligência financeira e ainda interfere na Receita Federal, na Polícia Federal e no Departamento de Recuperação de Ativos (DRCI)?
Se transparência e instituições independentes são fundamentais para evitar corrupção, pergunta-se: por que o vice-presidente Hamilton Mourão tentou triplicar o número de pessoas que poderiam passar a carimbar documentos do governo como secretos e por que Bolsonaro indicou o Procurador Geral da República, Augusto Aras, fora de lista dos procuradores federais? O comportamento por ações ou omissões do procurador em favor do governo e do presidente respondem à pergunta? Isso condiz com um governo que se intitula honesto?
Por que Marcelo Álvaro Antônio permanece ministro do Turismo se está sendo indiciado por candidaturas laranjas, que significam fraude eleitoral? O que dizer do meio ambiente em chamas, com a fiscalização diminuída e a “boiada passando”, dos danos sofridos com os garimpos ilegais de ouro e de milhões de dólares em venda ilegal de madeira para os Estados Unidos, acobertada pelo ministro Ricardo Salles? E quanto ao escândalo das vacinas e o sigilo de 100 anos em um processo administrativo contra o então Ministro da Saúde Eduardo Pazuello?
Como classificar a existência de um gabinete do ódio, com ações partindo de dentro do Palácio do Planalto e financiado com dinheiro público para, inclusive financiar fake-news em diversas áreas e na área da saúde, formando uma contra campanha em relação à vacina e a favor de tratamento precoce sem comprovação científica?
Para finalizar, é honesto um orçamento secreto, triplicado para R$ 33,4 bilhões ser entregue aos congressistas, especialmente ao centrão, em troca de apoio parlamentar?
Exemplos não faltam. O pior cego é aquele que não quer ver ou aceitar.
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